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Assessores parlamentares sacaram do Rural

O material apreendido pela Polícia Federal no arquivo morto do Banco Rural revela que o dinheiro suspeito de ser usado parentes de parlamentares. A documentação no arquivo morto do Rural, em Lagoa para o pagamento do suposto "mensalão" foi sacado das contas da SMPB por assessores, motoristas, secretários e parentes de parlamentares.


da Folha de S.Paulo

O material apreendido pela Polícia Federal no arquivo morto do Banco Rural revela que o dinheiro suspeito de ser usado parentes de parlamentares.

A documentação no arquivo morto do Rural, em Lagoa para o pagamento do suposto "mensalão" foi sacado das contas da SMPB por assessores, motoristas, secretários e parentes de parlamentares.

A documentação no arquivo morto do Rural, em Lagoa Santa (MG), resgata o caminho do dinheiro, até agora ignorado inclusive pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Em Brasília, a PF montou uma espécie de força-tarefa para analisar o material, que foi autuado nos dois últimos dias e se encontra sob a guarda do juiz Jorge Macedo Costa, da 4ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte.

A expectativa é que o juiz libere o material no início da próxima semana, quando então será encaminhado para Brasília.

Os investigadores pretendem, em cerca de cinco dias, identificar e ouvir os sacadores, para chegar ao destinatários finais do dinheiro sacado das contas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, sócio das agências SMPB e DNA, donas de contas de órgãos públicos.

Sacadores

Os documentos apreendidos confirmam como sacadores nomes já conhecidos, como João Cláudio de Carvalho Genu, chefe-de-gabinete do líder do PP, deputado José Janene (PR), e Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL.

Lamas fez pelo menos dez visitas à agência do Rural no Brasília Shopping, na capital federal, local em que, segundo o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), seriam feitos os saques do "mensalão".

Conforme os registros de entrada e saída do prédio do shopping, Genu esteve uma vez no local.

Segundo relatório do Coaf, entre 2003 e 2005, foram sacados R$ 20,9 milhões em espécie das contas das empresas de Valério.

Em entrevista à Folha, em junho, Jefferson disse que deputados do PP e PL receberiam uma mesada em troca de apoio.

A PF elegeu o Rural como a principal linha de investigação sobre o caso. Nesse caminho, foi decisivo o depoimento do ex-tesoureiro do Rural em Brasília José Francisco de Almeida Rego.

Em depoimento à PF no dia 6, Rego contou como eram os procedimentos do Rural e indicou o arquivo morto como última parada de documentos antes da incineração. Lá estariam os registros sobre os saques, independentemente da agência em que teriam sido feitos e da ausência das informações nos relatórios do Coaf.

O dinheiro, sacado na boca do caixa em Brasília, era transferido da conta da SMPB no Rural de Belo Horizonte. Segundo o ex-funcionário da instituição, as remessas, inicialmente esporádicas, de R$ 50 mil a R$ 80 mil, começaram em 2002 e ficaram maiores a partir do início de 2003, quando chegaram a ultrapassar R$ 200 mil.

As informações de Rego desencadearam uma sigilosa operação policial, que culminou, na quarta-feira, com ações de busca e apreensão de documentos nas agências do Rural em Brasília e em Belo Horizonte, com autorização do juiz Jorge Macedo Costa.

Ao deferir o pedido policial, o juiz consignou no despacho que o material arrecadado deveria ser encaminhado à Justiça para autuação e, somente depois, seguiria para análise da PF.

O material apreendido em Brasília, segundo a PF, em uma análise preliminar, não traz elementos que permitam identificar o nome dos sacadores.

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