- 12 de novembro de 2024
Lydia Medeiros BRASÍLIA. Acabou a trégua. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), trocou ontem por um discurso virulento o tom moderado que vinha adotando em relação ao PT e ao governo Lula. Por quase duas horas o tucano desferiu da tribuna do Senado golpes que não pouparam nem o presidente. Repetiu pelo menos dez vezes que Lula é corrupto ou idiota e pôs sob suspeita contas de campanha. - Todos estamos tendo paciência para levar o senhor Lula até o último dia de seu governo. Mas todos sabemos que não é possível um dia a mais, depois de 1 de janeiro de 2007, termos uma figura como o presidente da República que, das duas, uma: ou é conivente com a corrupção ou é um completo idiota, por não estar vendo tudo o que se passa à sua frente. Então, estou dizendo aqui: na melhor das hipóteses, senhor Lula, o senhor é um idiota! Na pior, é um corrupto! - disse Virgílio. O estopim para o discurso foi uma intervenção do deputado petista Henrique Fontana (RS) na CPI dos Correios. Anteontem Fontana perguntou ao diretor comercial da Skymaster, Luiz Otávio Gonçalves, sobre uma doação de R$ 50 mil à campanha de Virgílio. Antes, a oposição levantara a possibilidade de a empresa concorrente, a Promodal, ter doado R$ 800 mil à campanha de Lula em 2002. Virgílio jantava num restaurante quando foi avisado pela mulher. Interpretou a pergunta de Fontana como provocação e decidiu que mudaria de atitude e faria o discurso. Ontem, ligou cedo para Fontana. Disse que esse papel não lhe caía bem e que deveria arrumar outro para esse tipo de atitude. Reuniu documentos sobre suas contas de campanha e um parecer sobre a legalidade da doação da Skymaster. E foi logo avisando: - Não desceu por minha goela, então, vai daqui para fora tudo o que sinto no coração. Virgílio afirmou que a doação era legal e representava 3,8% do total arrecadado em sua campanha. Segundo ele, a Skymaster não tem restrições para contribuir em eleições, porque não é, como os Correios, uma prestadora de serviços. E contestou as contas de campanha dos colegas, depois de informar que gastou cerca de R$ 1,6 milhão para se eleger. Começou pelo senador Jefferson Peres (PDT-AM), a quem atribuiu gastos declarados de R$ 149 mil. Depois, criticou Mercadante e Lula: - A campanha do senador Mercadante não custou R$ 710 mil. Não é verdade. Ninguém se elege senador por São Paulo gastando R$ 710 mil. Como é mentira que Lula tenha perdido a eleição de 1998 gastando R$ 3 milhões. É mentira! Mercadante não presenciou o discurso. À tarde, atribuiu o ataque à reação da oposição à pesquisa de opinião que mostrou que Lula continua popular, apesar das denúncias. |