- 12 de novembro de 2024
Entrevista concedida pelo deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), na madrugada desta terça-feira (28), ao programa do Jô (Rede Globo), trouxe preocupação aos que observam a cena política brasileira, por conta do desmonte generalizado que se processa no governo federal. Impressionante notar a fragilidade do PT (Partido dos Trabalhadores), completamente à deriva, depois de dois anos e meses de ocupação da administração federal.
Gabeira tocou num ponto essencialmente crítico com relação ao método petista de governar: o do aparelhamento do Estado. Trata-se da substituição de pessoas competentes, com inegável capacidade e conhecimento, por outras sem a qualificação necessária, apenas por pertencer aos quadros da legenda governista, o PT.
Não é difícil constatar o fato. Depois de criar mais de 20 mil cargos (que serviram de caixinha para enriquecimento do partido, com a cobrança do dízimo dos seus filiados), o PT abrigou nesses cargos uma boa parte de militantes desalojados do poder em importantes cidades que anteriormente dominava. E deu início ao aviltamento das instituições, causando efeito bumerangue que começa a desgastar no retorno.
Em Brasília, todos sabem do emperramento da máquina burocrática, dependendo dos humores e decisões de quem não possui conhecimento necessário para fazê-la andar. E esse efeito danoso foi se multiplicando pelos órgãos da administração federal no país inteiro, ocasionando prejuízos incalculáveis em diversos setores.
Na gestão do entreguista FHC (1995-2003), procurou-se destruir as forças armadas do país. O trabalho ainda segue a mesma pauta aprovada por Washington, pois a idéia é a de promover enfraquecimento generalizado, tornando mais fácil a apropriação dos nossos recursos naturais. FHC cumpriu sua parte com apurado servilismo.
Criou o Ministério da Defesa, reunindo Exército, Marinha e Aeronáutica, colocando como seu titular o senador Élcio Álvares que, mais tarde, viu-se acusado de envolvimento com o tráfico e o crime organizado no estado do Espírito Santo. Desapareceu de cena. Só mesmo num país submisso como o nosso, dirigido por sociólogo da espinha curva é que se poderia colocar cidadão a responder pelo comando de forças militares, sem qualquer conhecimento de armamento, estratégia e que tais.
Em 2002, desejando dar um basta em tanto desmando, a população elegeu candidato petista que se arvorava de paladino da moralidade e executor de medidas indispensáveis suplicadas. Mas não se passaram três anos sequer e a esperança desceu ladeira abaixo. O que agora se presencia são escândalos por cima de escândalos, com revelações escabrosas a se multiplicarem diariamente.
Na Casa Civil, enquanto reinou, Zé Dirceu montou aparato stalinista sobre o qual cumpria inescapável controle, amarrando as linhas da gestão federal em rigoroso domínio. E de nada adianta alertar tais pessoas, mostrar-lhes a inviabilidade de suas posições, porque quando se tem o poder e a opinião formada sobre quase tudo, os ouvidos se tornam surdos aos apelos.
Agora, sim, o tsunami dos horrores já começa a se formar por trás do Palácio do Planalto e deverá movimentar onda gigantesca que irá encobrir boa parte do Congresso Nacional. Estendendo-se por Assembléias Estaduais, como a de Rondônia, onde seu presidente, deputado Carlão de Oliveira (PFL), assaltava diuturnamente os cofres públicos com a tranqüilidade dos que se sabem impunes.
A entrevista de Gabeira, pode-se dizer, foi alarmante. Porque deixou bem claro que o país pode ficar à deriva. E é dentro de vácuo dessa natureza que começam a aparecer os salvadores, milagreiros e autoritários. Já tivemos espetáculo deprimente, no Congresso Nacional, quando na última semana alguns militares da reserva defenderam abertamente a tortura dentro do plenário.
A administração federal está desorientada e o PMDB não está desejando assumir uma canoa que não lhe renda dividendos eleitorais no pleito presidencial marcado para o próximo ano. O PT diminuiu com o tamanho da crise e seus integrantes encolheram. É hora de esfriar a cabeça e refletir sobre um país eternamente do futuro, no qual os roedores minam qualquer espasmo de possibilidade.
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