- 12 de novembro de 2024
Folha de S. Paulo
O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, defendeu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afaste o ministro da Previdência, Romero Jucá, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, de seus cargos durante a tramitação dos inquéritos criminais contra eles no STF (Supremo Tribunal Federal).
A afirmação foi feita em entrevista ao site "Congresso em Foco", a um mês de deixar a função de procurador-geral. Na última terça-feira, ele defendeu a instalação da CPI dos Correios, disse que "o Brasil não é uma República tão fácil" e que o mundo está desabando sobre a sua cabeça.
Ontem, Fonteles declarou, segundo o site: "Ou ele [Lula] pede a essas pessoas que estão sendo investigadas que desfaçam imediatamente a pretensão do procurador-geral, por meio de um habeas corpus para trancar a investigação, o que é possível no tratamento jurídico, ou as afasta cautelarmente e indica outros nomes".
Em outro trecho, Fonteles respondeu sobre o risco de a permanência de Jucá e Meirelles levar o cidadão a desacreditar nas instituições. "É, fica uma dúvida. Afinal, o homem que lá está mantido é ou não é culpado? Quando você está num cargo público, é melhor que ninguém tenha dúvida do seu desempenho."
Apesar da crítica indireta a Lula por mantê-los nos cargos, o procurador-geral defendeu o governo petista, dizendo que o combate à corrupção hoje é mais eficaz em razão da integração entre Polícia Federal, Receita Federal, INSS e Ministério Público.
A assessoria de Fonteles confirmou que ele havia defendido o afastamento dos dois integrantes do governo, mas disse não dispor das declarações literais nem conseguiu localizá-lo ontem à noite. Nos últimos dois meses, Fonteles pediu ao STF a abertura de um inquérito criminal contra Meirelles e outro contra Jucá.
O primeiro irá apurar suspeita de que o presidente do BC praticou remessa ilegal para o exterior, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro e crime eleitoral em 2002.
O objetivo da segunda investigação é buscar provas de que houve irregularidade em empréstimo concedido pelo Basa (Banco da Amazônia) à empresa Frangonorte, de Roraima, da qual Jucá era um dos sócios. Os dois negam as irregularidades