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Maioria das brasileiras não faz mamografia

O exame preventivo das mamas é um problema grave de saúde pública no país. Dados apresentados ontem pelo IBGE mostram que mais de um terço das mulheres com 40 anos ou mais (34,4%) nunca se submeteu ao exame clínico das mamas.




Toni Marques e Flávio Freire

O GLOBO

RIO e SÃO PAULO. O exame preventivo das mamas é um problema grave de saúde pública no país. Dados apresentados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que mais de um terço das mulheres com 40 anos ou mais (34,4%) nunca se submeteu ao exame clínico das mamas, ao passo que quase dois terços das brasileiras com mais de 50 anos, isto é, na faixa de risco, jamais fizeram mamografia - a proporção de examinadas pelo menos uma vez é de 41,2%. Os dados fazem parte da edição deste ano do suplemento "Acesso e utilização de serviços de saúde", relativos a 2003 e desagregados da Pesquisa por Amostra de Domicílios (Pnad).

Já o exame preventivo de câncer de colo de útero apresenta um índice de 79,1% entre as mulheres com mais de 24 anos. Levando-se em conta as variações regionais, porém, os dados comprovam a desigualdade do acesso da população à saúde pública.

Ministro anuncia política de combate ao câncer de mama

A pesquisa foi feita em convênio com o Ministério da Saúde e pela primeira vez inclui o tópico sobre exames preventivos das mamas e do colo de útero. Até então, o Brasil dispunha apenas de pesquisa feita pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), relativa somente às capitais dos estados.

No suplemento de saúde da Pnad 2003, as menores proporções de acesso ao exame das mamas estão nos estados do Maranhão (37,4%) e de Alagoas (37,8%). No caso da mamografia, o menor índice está em Tocantins (17,6%). Quanto ao exame de colo de útero, Alagoas aparece com 54,2%.

- O exame clínico das mamas pode ser feito por qualquer profissional médico - disse ontem o ministro da Saúde, Humberto Costa, que esteve no IBGE para a apresentação dos resultados da pesquisa. - No programa de saúde da família, por exemplo, temos que adotar como uma norma que faça parte da rotina do exame físico o exame das mamas. Além disso, precisamos ampliar o número de mamógrafos no país e fazer com que esses serviços cheguem principalmente aos estados mais pobres.

Costa disse também que o governo federal deverá lançar dentro de 40 dias uma política nacional de combate ao câncer de mama e ao câncer de colo de útero.

- Pretendemos ampliar não apenas o número de mamógrafos, mas maximizar o uso dos existentes - disse o ministro.

A pesquisa mostra também que 15,9% da população brasileira, ou 27,9 milhões de pessoas, declararam jamais ter ido ao dentista. O índice é mais crítico (22,1%) na faixa dos 5 aos 19 anos. O percentual total, porém, diminuiu em relação à edição de 1998 do mesmo suplemento da Pnad - naquele ano, o índice era de 18,7%. Humberto Costa disse que o governo pretende aumentar, até o fim de 2006, o número de equipes de saúde bucal para 20 mil - hoje, são dez mil. E disse também que é preciso aumentar o número de centros de especialidades:

- O Sistema Único de Saúde tem essa debilidade na área da atenção básica, mas a debilidade maior é no atendimento de alta e média complexidades. Para conseguir um tratamento de canal, um tratamento de um problema gengival ou uma prevenção do câncer bucal, é preciso correr bastante - afirmou Costa.

Fora do SUS por oito anos, SP tem pior desempenho

O mais alto número absoluto de pessoas que nunca foram ao dentista está em São Paulo: 4,075 milhões de pessoas. Após oito anos em que ficou fora do Sistema Único de Saúde (SUS), nas gestões dos prefeitos Paulo Maluf e Celso Pitta, o município deixou de receber repasses do governo federal.

Atualmente, de 700 equipamentos odontológicos distribuídos entre hospitais e mais de 300 unidades de saúde, apenas 150 estão em funcionamento. Há um déficit de 260 dentistas e de 500 auxiliares na rede municipal. A capital conta com 14 Centros de Especialidades Odontológicas, implantados na gestão de Marta Suplicy, e outros nove devem ser inaugurados até o final da gestão de José Serra.

A Secretaria estadual de Saúde informou que os programas de saúde bucal são de responsabilidade dos municípios. O governo do estado investiu R$ 2,3 milhões em 2004 na fluoretização de águas em 117 municípios. O objetivo é reduzir em até 60% o índice de cárie.

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