- 12 de novembro de 2024
EDERSEN LIMA, EDITOR
Brasília - Leitores do site e colegas cobraram comentário sobre o jantar-coletiva que a prefeita Teresa Jucá ofereceu quinta-feira passada para alguns jornalistas de parte da imprensa roraimense. Ficaram de fora profissionais da rádio Equatorial, da TV Imperial e este Fontebrasil.
Comentar um jantar em que seria apresentado o balanço de cinco meses de administração onde você não foi convidado porque poderia perguntar algo indigesto é estranho. Mas não difícil de se explicar o motivo e o pano de fundo do evento, bem como fazer considerações sem que haja qualquer valor de juízo, apenas, constatações.
O motivo: As notícias sobre o Rolo do Basa e o Rolo do Lixo, onde Romero e Teresa Jucá são acusados de corrupção e desvio de dinheiro público mexeu com a opinião pública. Engana-se quem pensa que a prefeita e o ministro não acompanham seus desempenhos semana a semana através de pesquisas de avaliação.
Como os rolos denunciados mostram que Romero e Teresa são, pelo menos nos quesitos traquinagens com a coisa pública, parecidos com outros políticos de Roraima, muita gente passou a vê-los com desconfiança. Isso aparece nas pesquisas encomendadas. Teresa e Romero caíram no conceito da sociedade. Daí, criar um fato para reverter a situação: o jantar-coletiva onde só se falou do bem. Ou alguém por acaso lembra de Teresa Jucá já ter promovido algo parecido antes?
As constatações: No jantar-coletiva a prefeita apresentou dados que informam que em quatro meses a sua administração economizou R$ 3,6 milhões. Muito bem. Mas, não querendo ser estraga-prazeres, se "economizou R$ 3,6 milhões em quatro meses" é por que andou gastando errado, e muito, nos meses e anos anteriores, não é?
Ou, se não andou gastando errado anteriormente, é porque andou aplicando mal, e muito, o orçamento do município. Pois se, se chega a economizar essa montanha de dinheiro, é porque algo andava errado, mal aplicado, mal feito... como o saneamento básico das ruas da periferia que promovem em época de chuva enchentes nas ruas; falta de iluminação em postes, remédios em postos de saúde, obras do terminal de ônibus.
E mais, quem garante mesmo que R$ 3,6 milhões foram economizados?
O jantar-coletiva foi uma espécie de matinê de oba-oba. Ninguém quis saber, por exemplo, o que a prefeita teria a dizer sobre a condenação que sofreu no Tribunal de Contas da União por malversação de dinheiro público. Nem a questionou sobre o rolo do lixo, que a levou às páginas ingratas da grande imprensa como compradora de votos com dinheiro do contribuinte.
O que o jantar-coletiva mostrou é que quem vive em Boa Vista, vive numa cidade de primeiro mundo, onde tudo funciona, não há mazelas, não existem corrupção e irregularidades públicas. Os jornalistas presentes ao evento, pelo visto, são testemunhas que tudo isso, como bem colocou a prefeita, é a mais pura e cristalina realidade.