- 19 de novembro de 2024
Christiane Samarco e João Domingos O Estado de São Paulo O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai cobrar do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), providências do PMDB para acabar com o desconforto seu e do governo com o envolvimento do nome do ministro da Previdência, Romero Jucá (PMDB-RR), em denúncias de corrupção e financiamento público fraudulento. Segundo um ministro do círculo íntimo de Lula, as seguidas denúncias contra Jucá puseram o minist! ro numa espécie de 'sinal amarelo', ou seja, o cargo dele está a perigo. Lula quer que o PMDB, responsável pela indicação do senador para o ministério, assuma de vez a defesa do ministro, o que não tem sido feito. A idéia é aproveitar a companhia de Renan durante as 12 horas de vôo de Brasília a Roma, na quinta-feira, rumo aos funerais do Papa João Paulo II, para cobrar que o PMDB se manifeste de público e com clareza sobre Jucá. O presidente do Senado bancou Jucá na reforma ministerial. Apesar do claro desconforto, o Palácio do Planalto tem agido com prudênci! a no caso. Um dos articuladores políticos do governo afirma que nenhuma acusação feita até agora surpreendeu o Planalto, que havia sido alertado da existência das denúncias pelo próprio senador. Jucá também admite que a situação é desconfortável para ambos, uma vez que se vê obrigado a responder às denúncias. 'Como esta situação não se esclarece no bate-boca com quem quer que seja, o que estou pedindo é que a Polícia Federal apresse a conclusão das investigações que Hoje, no Bom dia Brasil, da TV Globo, o jornalista Alexandre Garcia comentou: "Ao PMDB, Lula pede apoio, mas também explicações sobre a situação de desconforto que começa a surgir em relação ao ministro da Previdência, Romero Jucá, e denúncias de corrupção. Engraçado é que primeiro o governo do PT nomeia o ministro; depois o PT pede explicações sobre irregularidades. Até parece que o governo do PT não tem serviço de informações, porque estavam disponíveis todos os dados sobre inquéritos e investigações. Agora o governo cria problemas para si e fez focar mais luz sobre o ministro, que estaria mais confortável em uma discreta e estofada cadeira do Senado. E cria problemas para um aliado: o PMDB agora tem que se mobilizar para defender o ministro". Na avaliação do ministro, as acusações contra ele são 'parte do jogo político' que "envolvem meu nome e, tenho certeza, esclarecerão de vez que as denúncias contra mim não têm fundamento', disse Jucá, ao exibir cópia de ofício em que pede para ser investigado, entregue ao Procurador-Geral da República, C! láudio Fonteles, no último dia 29. Na avaliação do ministro, as acusações são 'parte do jogo político', de uma disputa alimentada por 'componentes locais' e adversários políticos em Roraima. O ofício menciona o inquérito sobre irregularidades na aplicação de verbas públicas no município de Cantá (RR), na periferia de Boa Vista, e a operação de empréstimo tomada pela empresa Frangonorte, da qual Jucá foi sócio, junto ao Banco da Amazônia (Basa).