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O FUTURO NA LATA DO LIXO - Márcio Accioly

Apesar de nossos "comentaristas" econômicos denunciarem com freqüência o espírito caloteiro de quem não paga dívidas (quando, na realidade, o que acontece é extorsão, roubo puro e simples através das nações classificadas de ricas que controlam o FMI), os credores internacionais se curvaram. A Argentina vai pagar entre 25 e 30 centavos de dólar por cada um que deve.


Boa Vista - A imagem do presidente da República, Dom Luiz Inácio (PT-SP), construída pela propaganda vigorosa e convincente do publicitário Duda Mendonça (e ancorada no apoio irrestrito de jornalões comprometidos tão-somente com o capital especulativo internacional), está se desbotando inteiramente no esfarelamento dos pés de barro do ídolo. O PT, legenda nitidamente fascista, lamenta apenas o caráter democrático do regime em que vivemos (apesar do controle quase absoluto exercido pela chamada mídia). Não fosse isso, a paródia democrática, e seus cardeais estariam praticando expurgos e fuzilando dissidentes, tal qual Stalin (1879-1953) na extinta União Soviética. Mas, o autoritarismo do PT, centralizando decisões e podando idéias, impõe sérios obstáculos ao desenvolvimento. Não há como crescer sem contraditório. Mesmo num arremedo de democracia, tal método não funciona. E é aí que o PT se perde. Uma das maiores desmoralizações políticas de Dom Luiz Inácio vem agora da Argentina. Tudo porque o presidente Néstor Kirchner conseguiu, finalmente, negociar a dívida externa e interromper curso suicida que levava seu país ao naufrágio. Apesar de nossos "comentaristas" econômicos denunciarem com freqüência o espírito caloteiro de quem não paga dívidas (quando, na realidade, o que acontece é extorsão, roubo puro e simples através das nações classificadas de ricas que controlam o FMI), os credores internacionais se curvaram. A Argentina vai pagar entre 25 e 30 centavos de dólar por cada um que deve. Lá, aconteceu um desconto de 60 bilhões e 900 milhões de dólares no total, reduzindo a dívida externa para 43 bilhões e 200 milhões de dólares. E Dom Luiz Inácio, que brincava de líder internacional, tendo comprado até mesmo avião com banheiro especial, onde desfila com ternos bem cortados e beberete em profusão, ficou com a cara no chão, não tendo mais o que dizer. Na TV brasileira não se ouve nada, absolutamente palavra, sem o aval do capital internacional. Por isso, escasseiam notícias acerca da negociação levada a cabo pelo nosso vizinho. Mas a Argentina começou a se levantar. Saiu do estado de prostração da gestão Menem (1989-99), que a exemplo de FHC (1995-2003), no Brasil, não deixou pedra sobre pedra (Menem vendeu até mesmo a YPF, correspondente à Petrobras brasileira, entregue a preço de banana para a Repsol espanhola), para um crescimento econômico que se estampa em todos os indicadores e registros. Depois que Menem saiu do cargo, e De La Rua assumiu, o país mergulhou numa agitação que só chegou a bom termo com a ascensão de Kirchner. O caos havia se estabelecido. Kirchner é bem diferente de Dom Luiz Inácio, pois não se submeteu à manipulação das grandes potências. O brasileiro já foi até indicado para o prêmio Nobel da Paz, embora os índices nacionais de violência estejam aumentando e não exista nada em sua biografia que justifique tal lembrança. Tudo manobra e auê. A diferença maior entre os dois está no fato de Kirchner seguir roteiro prometido ao longo da campanha, enquanto nosso compatriota demonstra não ter começado a governar, nem saber por onde iniciar. Sua gestão mergulhou na perplexidade. Um dos maiores problemas de Dom Luiz Inácio é não gostar de política. Paciência não é seu forte, ou conversar, ou ouvir. Desde que passou quatro anos na Câmara, como deputado federal, o ex-sindicalista deixou bem clara sua aversão a temas políticos, bem como a visível má vontade no que se refere a qualquer ofício. Surpreende é o fato de ter caminhado tão longe! Com a paulatina descoberta de que essa gestão é unicamente uma mixórdia de intenções vagas e indistintas, começa a torcida para que ela se vá em paz, deixando o Brasil adentrar novo tempo. Lastima-se que seja necessário tanto desperdício, até que a maioria se conscientize do drama no qual vive.x Email: [email protected]

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