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Deputados acusam esquema de extorsão

Dois deputados federais com postos de comando na Câmara disseram que existe um esquema na Casa destinado a extorquir empresários e pessoas investigadas por CPIs ou pelas comissões permanentes. Um deles diz ter provas e nomes de dez deputados que integram a quadrilha. As afirmações -que trazem a público declarações que, reservadamente, são feitas por integrantes de vários partidos- são dos deputados Paulo Lima (PMDB-SP), presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, e Luciano Zica (PT-SP), ouvidor da Câmara.


RANIER BRAGON Folha de S. Paulo Dois deputados federais com postos de comando na Câmara disseram que existe um esquema na Casa destinado a extorquir empresários e pessoas investigadas por CPIs ou pelas comissões permanentes. Um deles diz ter provas e nomes de dez deputados que integram a quadrilha. As afirmações -que trazem a público declarações que, reservadamente, são feitas por integrantes de vários partidos- são dos deputados Paulo Lima (PMDB-SP), presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, e Luciano Zica (PT-SP), ouvidor da Câmara. Elas surgem em meio à divulgação de gravações que mostram o deputado federal André Luiz (PMDB-RJ) tentando extorquir R$ 4 milhões do empresário de jogos Carlos Ramos, o Cachoeira. A Câmara instalou sindicância e se reúne hoje pela primeira vez para tratar do caso. Ele nega. O presidente da Comissão de Defesa do Consumidor diz ter todos os nomes e os dados de dez deputados federais que teriam tentado extorquir empresários investigados pela CPI dos Combustíveis, que terminou em outubro de 2003 em meio a acusações de extorsão e de leniência com fraudadores de combustíveis. Combustíveis A acusação contra André Luiz trouxe à tona suspeita de que a Câmara esteja sendo usada como instrumento de extorsão. Luiz fez parte da CPI dos Combustíveis. "Se reabrirem a CPI e se eu for presidente ou relator, aí a conversa muda. Aí vamos até o fim, e eu passo a limpo tudo", afirmou Paulo Lima, que não quis dizer os nomes dos deputados que formam a suposta quadrilha. Lima dissera, na última reunião da CPI, que dez deputados teriam tentado extorquir empresários investigados pela comissão. Questionado se mantinha a afirmação, disse: "Lógico, eu tenho todos os dados, todos os nomes". Ele disse que fez a acusação para reagir à tentativa da CPI de ligá-lo ao esquema de fraude de combustível. O peemedebista disse ainda ter sido procurado por empresas investigadas pela Comissão de Defesa do Consumidor com a reclamação de que deputados estariam sendo pagos por empresas rivais. Já Luciano Zica afirmou que não assina mais requerimentos de CPI até que a forma de composição seja feita por meio de sorteio. Sobre se acredita na existência da quadrilha, disse: "Infelizmente, a sensação que fica é a de que existe". Entre outras coisas, ele reclama do fato de ter ocorrido o depoimento de uma peça-chave da investigação no momento em que ele viajava para a Alemanha. "Tinha um acordo com a CPI, viajei para a Alemanha com o compromisso de que ele não seria ouvido. O depoimento dele é risível, em que ele não foi questionado." A Folha entrou ontem em contato com o presidente e o relator da CPI, deputados Carlos Santana (PT-RJ) e Carlos Melles (PFL-MG), mas não obteve resposta. A comissão montada para investigar André Luiz deve chamá-lo para se explicar e pedirá perícia nas fitas transcritas na revista "Veja". A Folha não conseguiu falar com o deputado ontem. O PMDB disse que enviará o caso ao seu Conselho de Ética.

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