- 19 de novembro de 2024
NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM (2)
JOBIS PODOSAN
LÍDERES
Todos querem e se acham em condições de liderar. Líderes devem ter ideias. Você tem ideias? Você segue as suas próprias ideias? Se não as segue, como pensa que os outros as seguirão? Se você segue as suas próprias ideias está liderando a si mesmo e em condição, portanto, de ser seguido. Se você quer ser um bom cidadão tenha suas próprias ideias, chegue às suas próprias conclusões. Tenha ideais, pense e exista.
COMO DIRIGIR PESSOAS
Os instrumentos são liderança, autoridade e poder. O líder arrebata, a autoridade convence e o poder impõe. Quem precisa usar o poder conduz mal o seu povo, porque seu argumento é o medo. A autoridade é menos nociva que o poder, pois provoca a ação voluntária dos subordinados. Mas é a liderança que traduz a excelência do dirigente, pois nesta os liderados seguem na própria ausência do chefe, são as ideias as forças motoras da ação. O poder só tem utilidade onde não há mais autoridade. Esta por sua vez só é necessária onde não há liderança. O líder impõe sem poder; convence sem necessitar da autoridade e provoca a ação no interior dos liderados. Quem diz: aqui quem manda sou eu, não manda. Quem diz: o chefe sou eu e é melhor que vocês me obedeçam, não conduz satisfatoriamente os subordinados, em pouco tempo fracassará. Quem diz: vamos, esta é a missão e estes são os meios - e todos vão - este é o líder que conduz ao sucesso, chama-se líder servidor.
ESPÍRITO DE CORPO
É uma virtude corporativa quando os bons protegem os bons.
O OCASO DO LÍDER
O líder se compromete e acaba sua reputação quando as pessoas a seu serviço adquirem poder de veto sobre as suas decisões. Neste caso, o líder deixa de servir à organização que integra para subordinar-se àqueles que deveria conduzir. Não é preciso ser desumano para ser um mau chefe, basta deixar que os subordinados decidam, a pretexto de agradá-los. O líder sempre conduz e, se já não o faz, independentemente da posição hierárquica que ocupa, já não é o líder, mas simulacro.
O ADVOGADO E A CAUSA
O advogado trabalha na causa e não na conduta do seu cliente. A conduta normalmente antecede à causa. A conduta é do cliente, que a pratica ou sofre. Quando o advogado orienta na conduta está prestando assessoria. Se a orientação é segundo a lei, é trabalho de advogado. Se é contra a lei, o advogado é parte e responsável pela conduta delituosa tanto quanto o orientado. Neste caso ele não é advogado. O advogado é livre para escolher suas causas. Há, no entanto, caminhos perigosos. Quando o advogado aceita acobertar atos contra o direito, mesmo usando sibilinos argumentos do Direito, pode até não estar na ilegalidade, mas, com certeza está no campo da antiética. Não é somente a carta de advogado que identifica o advogado, é também a conduta de advogado, segundo o estatuto da categoria.
A VERIFICAÇÃO DOS ELEITOS – A NATUREZA DÚPLICE DAS AÇÕES ELEITORAIS
Na República Velha os eleitos estavam sujeitos ao “reconhecimento” das autoridades em exercício dos mandatos. Chamam-se isso de verificação eleitos. Está ocorrendo hoje uma situação semelhante, mas a conferência passou a ser feita pelo Poder Judiciário. A cada eleição aumenta o numero de impugnações aos mandatos eletivos conquistados nas urnas por iniciativa dos candidatos derrotados que têm condição de se beneficiar com a cassação do mandato outorgado pelo povo. Durante as eleições todos os candidatos burlam a lei eleitoral e fiscalizam a conduta uns dos outros candidatos. O eleito, após a eleição ou diplomação, é atacado pelo perdedor, sob o argumento de abuso do poder econômico ou político. Observe-se que a conduta ilegal imputada ao vencedor é a mesma que foi praticada na campanha pelo perdedor, só que só este tem ação contra aquele. A solução para evitar esse segundo ou terceiro turno na Justiça é atribuir caráter dúplice às ações eleitorais que visem à cassação dos mandatos. Assim, na resposta, o réu na ação poderia atacar o autor e o juiz ou tribunal julgaria a ambos. No caso de se verificar abuso de ambas as partes, se julgaria a favor do vencedor pelo voto ou anularia as eleições, ficando ambas as partes inelegíveis para esse segundo pleito. Do jeito que está, a justiça é refém dos segundos colocados, com certa dose de idiotia.
A CAUSA DA CORRUPÇÃO
A causa primeira da corrupção é a crença na sua inevitabilidade. Convém aos corruptos difundir a ideia de que a corrupção sempre existiu e sempre existirá e que o que se deve fazer é aproveitar a oportunidade quando ela surgir. Se os outros aproveitam por que não eu!? Ser intolerante com os outros e tolerantes consigo mesmo é o que fazem as pessoas que, mais cedo do que pensam, estarão nas barras dos Tribunais e nas agonias de explicarem o que não tem explicação. O método que leva à ruína deve ser evitado antes da ação. A corrupção é endógena, já vem dentro da gente em potência ou é exógena, uma força irresistível, de fora para dentro, que empurra gente honesta para ela? No meu pensar ela é prevalentemente endógena, o corrupto assim o é, por decisão própria e consciente. Desejam a vantagem e enfrenta o risco. É por isto que a corrupção não é so um problema de polícia e de Justiça. A solução é sistêmica, porque não se conserta alguém depois que o vírus da corrupção o contaminou. Depois da ação resta a responsabilidade. É bom sempre não esquecer que a plantação determina a colheita. Quem não se precaveu na hora de escolher o que plantar não pode se espantar na hora de colher.