O AGIR HUMANO
JOBIS PODOSAN
INDEFESOS E VAIDOSOS
O ser humano, de todos os animais, é o que nasce mais despreparado para sobreviver sozinho, pode se tornar – e muitos o fazem – no ser mais presunçoso que habita este planeta, quiçá do universo. Nasce absolutamente incapaz e a lei assim o reconhece até os dezesseis anos, adquire capacidade relativa entre os dezesseis e dezoito e é considerado absolutamente capaz dos dezoito em diante. Porém, essa capacidade adquirida em função da idade, pode ser perdida, pois pode sobrevir alguma causa que o torne novamente incapaz de praticar os atos da sua vida, seja a idade provecta incapacitante, seja doença mental, seja uma tragédia qualquer que o incapacite de exercer os atos da vida civil. É neste intervalo entre a aquisição da capacidade e a sua perda em algum momento futuro, que as virtudes nos transformam em seres idílicos o os vícios da alma nos transformam no que de pior existe na face da terra. Somos bons na prática do bem, mas excelemos na pratica do mal. Há os que se comprazem em fazer o bem e os se comprazem mais ainda em fazer o mal. Essa coisa que hoje chamamos redes sociais fez nascer uma multidão de pessoas que liberaram o mal dentro de si e estão espalhando veneno por todo lado e fazendo rir um monte de gente idiota que pensa que o mal não as atingirá. Vivemos sob o principio de que toda desgraça (nos outros) é pouca.
VITIMAS DE NÓS MESMOS
Mas em breve o sistema de Fake News será autolimpante. Isto acontecerá quando todos formos vítimas da nossa própria incúria. O ato de qualquer um poder destruir qualquer outro em muito pouco tempo nos transformará todos em canalhas. Como todos temos defeitos, é essa imperfeição que nos transformará. A desconfiança, que agora ainda é longínqua, estará nos círculos menores da nossa vida e começaremos a nos matar uns aos outros por causa de notícias falsas, ou, até, noticiais verdadeiras, mas que não são da conta de ninguém. Mas o processo para nos livrar desse mal é lento e ocorre dentro da nossa consciência, formar-se-á então, uma teia jurídica composta de indenizações e condenações penais para nos fazer voltar à razão.
Fazer o bem é difícil, exige ação, esforço, renúncias. Há um caminho para a prática do bem. Todos nós fazemos este caminho, ainda que não percebamos.
Para praticar o bem e podermos esperar boas consequências precisamos de um ritual para a prática de boas decisões: cogitação, reflexão, ato e consequências.
COGITANDO
A cogitação positiva é fruto do dia a dia, do acumular de boas intenções, de sentir compaixão pelas dores alheias. Cogitar é pensar. Pensar é existir: cogito ergo sum, disse o filósofo francês René Descartes. Todos nós cogitamos. Todos nós pensamos muitas coisas. Somos do bem quando pensamos em coisas boas, que acrescentem e façam as outras pessoas se sentirem bem. Não é apenas não fazer o mal, é, principalmente fazer o bem, em conduta positiva, como fez o bom samaritano da parábola cristã. Quando fazemos o mal estamos apontando a arma contra o próprio peito. A grande dificuldade em decidir entre fazer o bem e praticar o mal, é que os benefícios do mal são imediatos e as consequências são mediatas, a colheita da punição demora. Pense-se no indivíduo que assalta alguém no meio da rua e lhe subtrai o celular. O proveito do crime é obtido na hora. O celular muda de mãos. O mal está feito e produziu uma consequência imediata e esperada. Mas a pena criminal depende de muitas coisas para ser aplicada e é demorada, tendo o ladrão que agrediu e roubou, se convertido em cidadão, sujeito de direitos constitucionais. E assim que deve ser. Mas a conta chega. Alguém vai puxar a fita.
REFLETINDO E AGINDO
Pensado e optado sobre o que fazer é hora da reflexão. Refletir é examinar as coisas que pensamos nos seus mínimos detalhes, expurgando o que é ruim e guardando o que é bom. É separar o joio do trigo. Refletir é entrar no âmago do próprio pensamento interrogando a si mesmo sobre causas e os efeitos do ato a praticar. Somente o ser humano faz isto. Somente nós humanos podemos, por via da razão, decidir de imediato, em curto, médio e longo prazos.
Após a reflexão - e só após ela - deve o ato ser praticado segundo a reflexão feita. É bom lembrar que as consequências nem sempre são as que nós esperamos. Quando mais refletimos mais perto chegamos das consequências desejadas. Quanto menos refletimos, mais as indesejadas se aproximam de nós.
Após a prática do ato, a reflexão se torna inútil, agora é a vez das consequências, seja para festejá-las, se desejadas, ou para suportá-las, se indesejadas.
SUPORTANDO AS CONSEQUÊNCIAS
Sendo as consequências desfavoráveis e até insuportáveis, resta aprender com elas e dar a si mesmo uma segunda oportunidade, se houver esta chance. Convém dizer que não se pede segunda chance. A segunda chance é de quem precisa dela. Pode até ser pedida a oportunidade da segunda chance, mas ela depende exclusivamente da conduta do que dela necessita. Cada um dá uma segunda chance a si mesmo. Quando mais perdão e segundas chances se pedem, menos humanos seremos, pois os atos estão sendo praticados irrefletidamente, são fruto apenas dos instintos, portanto comparável aos dos outros animais, aos quais os instintos bastam. Nós somos filhos diletos da razão, que o é nosso privilégio e o nosso castigo e limite. Não adianta tentar explicar racionalmente o que se fez instintivamente. É suportar as consequências, que são infalíveis após a prática do ato.
Basta pensar no uso que temos feito do voto.