- 19 de novembro de 2024
A PRIMEIRA DECISÃO
JOBIS PODOSAN
O QUE VOU SER?
Nascemos todos incapazes e morremos também incapazes, se temos uma vida longa. Entre esses dois momentos de incapacidade, temos a vida, que podemos e temos o dever de tornar produtiva, suprindo as próprias necessidades e produzindo o excedente para suprir as necessidades daqueles que, embora devessem produzir, não têm condições para tal, tornando-se imperioso cuidar deles.
Ainda em tenra idade temos de tomar a primeira decisão fundamental das nossas vidas. Voltaire dizia que a juventude é coisa muito séria para deixar nas mãos dos jovens. Mas a verdade é que as decisões fundamentais nós as tomamos na juventude. O homem de amanhã é o resultado das decisões dos jovens de hoje. É engano supor que o envelhecimento leva à tomada de decisões fundamentais melhores. Basta olhar para os vitoriosos de hoje para constatar que são hoje o que decidiram ser ontem. Retardar a tomada da decisão fundamental leva à indecisão e ao fracasso. Certa aluna, de 17 anos, no limiar do curso de Direito, indagada o que faria do curso quando o terminasse, respondeu-me. “Vou ser juíza federal”. Tu o disseste! Disse-lhe eu. Hoje ela é o que disse que iria ser. Os demais alunos responderam dizendo: “acho que vou advogar”, “acho que vou fazer concurso”, “não sei ainda”. Pululam por aí, vagando.
A DECISÃO NA HORA ERRADA
Em certa turma, identifiquei um aluno de 58 anos, que prestava muita atenção às aulas. Estava numa sala na qual a média de idade era 19 anos. Na primeira prova ele tirou uma nota muito baixa e ficou muito acabrunhado. Na medida em que os demais professores entregavam as provas,, e ele acumulava notas baixas, abordou-me no corredor. Queria falar comigo em particular. Disse-me que estava com vergonha de mostrar as provas à família. Eu aproveitei a oportunidade e perguntei o que ele tinha ido buscar na Faculdade de Direito depois de ter se realizado profissionalmente. Ele me perguntou: como o senhor sabe que eu sou realizado profissionalmente? Eu lhe disse que ele tinha profissão definida e era muito bem sucedido. E que apostava que ele era contador com um grande escritório de contabilidade. Eu não sabia por adivinhação ou poderes sobrenaturais, era a sua linguagem, postura, roupa, gestos que indicavam a presença de um homem de sucesso. Disse-lhe que o seu problema era que a decisão de cursar Faculdade de Direito aos quase sessenta anos era uma decisão tardia. Não se pode ser um bom jurista quando a memória já está batendo retirada, os neurônios restantes são insuficientes para aprender, processar e guardar as informações massificadas no decorrer do curso. Você entende a aula toda e fica feliz, quando chega no dia da prova não lembra nada, ou apenas lembra alguns fragmentos. Pior ainda é retornar das férias para começar um novo semestre e não recordar dos institutos que aprendeu nos anteriores. Quando você chegar no fim do curso, vai receber o diplomar a botar na parede. Ele não vai significar conhecimento. Vai ser um significante sem significado. Se o que você quer é conviver com a juventude, ocupar seu tempo, ou tentar reverter a lógica, tentando provar que o quadrado é redondo, então fique aqui e perca o seu tempo. Minha recomendação é que você procure uma boa faculdade de Ciências Contábeis e vá fazer especialização com os conhecimentos que estão armazenados na sua memória anterógrada.
O CAMINHO DO MAL
Devaneios não ressuscitam neurônios. Neurônios só vão, não voltam. A hora de tomar decisões fundamentais é na juventude. É nela que você decide se vai seguir o caminho do bem ou o caminho do mal. Se decidir pelo caminho do mal, vai encontrar portas escancaradas na sua frente, todas apontando facilidades. A faculdade da esperteza não demanda estudos e nem esforços cansativos de sala de aula por mais de vinte anos. Você entra diretamente no sucesso, o dinheiro vem em profusão, os prazeres são tantos que você não consegue dar conta. O problema é que tem a Polícia, o Ministério Público, a Justiça, a cadeia e todo o aparato de flagrar e pegar gente esperta. A cadeia passa a ser um lugar frequentemente visitado e provavelmente você não fará 25 anos de idade, isso se viver muito. Excepcionalmente, você poderá viver mais de 25 anos, mas passará tanto tempo na cadeia que, no fim, tudo terá sido inútil.
O CAMINHO DO BEM
O caminho do bem é a primeira decisão acertada que o jovem toma na vida. aos dez, quinze anos, mesmo antes, a ideia de bem e de mal já está incrustrada na nossa mente. A família, a escola, os amigos, as frustrações iniciais, a televisão, a Internet tudo isso já nos mostrou o caminho do bem o e do mal. Nessa bifurcação, a opção correta é o caminho do bem. Mas não basta escolher esse caminho, é precisão agir para percorrê-lo com sucesso. Não se chega a um destino ficando parado ou esperando pelos outros. o bem exige ação: querer, agir e perseverar é uma boa fórmula. Ao escolher a profissão e se dedicar a chegar nela você define o seu papel na vida e na sociedade. Será útil para você e para todas as demais pessoas. Se você escolher ser médico, não precisará fazer sapatos, porque outro escolheu ser sapateiro. Se você escolheu se engenheiro, não precisará ser motorista de caminhão, porque outros fizeram esta escolha. A teia do bem se estabelece e cada um faz a sua parte para a felicidade de todos. Eu sou só um, mas gozo do prazer de ser parte do todo. Estou trabalhando para alguns e tenho todos trabalhando para mim. Quanto mais cedo você decidir o que vai ser, mais perto você chegará ao objetivo. Em regra, uma pessoa, ao completar 25 anos, já deverá ter seu destino definido, caso contrário ficará decidindo e redecidindo, começando e recomeçando atividades, sem se concentrar em nenhuma, desenhando seu fracasso. Se a primeira decisão vier antes do 10 anos, você chegará, com certeza, ao destino que escolheu.