00:00:00

Oraculo

FE RACIOCINADA


FÉ RACIOCINADA

JOBIS PODOSAN

 

 

O CONCEITO DE FÉ

Fé e fato são coisas que se distinguem, pois o fato está sob o controle do observador e pode ser, por algum meio técnico, comprovado. Já a fé, significa "confiança", "crença", "credibilidade" em algo que não pode ser pesado, medido, visto, comprovado. A fé é um sentimento de crença em algo ou alguém, ainda que não haja nenhum tipo de evidência que comprove a veracidade da proposição em causa. Posso crer que a fé remove montanhas ou que foi possível a Alguém andar sobre as águas. Os “fatos” descritos pelas religiões como verdadeiros e que embasam a fé dos seus crentes são para eles verdadeiros.

 

A FÉ CEGA

A fé fica cega quando se torna ignorante, dogmática e intolerante. A fé cega desgarra-se da razão manifestando-se colérica e irracional, provocando segregação cultural, a violência, e, até, guerras. A fé cega apossa-se da razão e extirpa o raciocínio de quem a professa, eliminando toda a capacidade de análise crítica. O que tem fé cega em seja lá o que for abre mão de si mesmo e passa adorar o objeto da sua fé, que pode ser uma estátua, um animal, uma ideia, uma pessoa, um cavalo, uma pessoa, uma pedra ou seja lá o que escolha para anular-se a si mesmo.

 

A FÉ RACIOCINADA

Já a fé raciocinada permite ao crente sentir as energias e toda a carga emocional de sua crença. Porém, não se entrega em imolação, utiliza-se do livre-arbítrio e de sua razão para questionar o que lhe pareça não razoável. Questiona e formula certezas e dúvidas que testam os fundamentos da sua fé. Não deixa de ser um crente por isto. Mas, é um crente tolerante, que admite poder haver outras possibilidades, que a razão não seja exclusivamente sua, que podem estar erradas as suas conclusões. A fé raciocinada não leva a conflitos religiosos e nem políticos, porque a divergência é contornada pela convergência. A pluralidade leva à admissão de que se você está certo sobre certas ideias e as professa, nem por isto os que pensam de maneira diferente estão errados. A fé raciocinada não tenta formar pensamentos unânimes, caminhos exclusivos. Ao contrário, aceita que se vá a Meca ou Jerusalém pelos diversos caminhos que levam até lá ou, sequer, que se vá lá.

 

A FÉ EM LULA

Na verdade, consiste erro capital se “acreditar” em alguém que elegemos para nos servir. Pomos um de nós para nos servir e depois passamos a ter fé numa pessoa que tem mandato definido para sair do poder. O que deveria ser apenas um síndico, passa a ser objeto de adoração. É preciso ser idiota para saber que há algo errado nisto. A crença em Lula nasceu no sindicato, se espalhou pela política e, depois da Presidência, ele se tornou uma “ideia”. Os antilulistas o classificaram como um embuste, um mal imenso para o país. Seus seguidores o divinizaram e passaram a ter fé cega nele, tonando-se, eles mesmos, cegos. Lula passou a ser uma antítese da fé para os seus adversários e um profeta para os seus seguidores. Ambos errados, por extremos. Como todos os governantes, houve erros e acertos no seu governo. Foi o conceito de fé que o deturpou. Ele próprio passou a acreditar na deidade dele. Ele passou a ser alguém eu não deveria sair do poder (para seus seguidores) e que não deveria ficar ou a ele voltar (para os seus adversários), cada qual com suas razões e interesses. Ele, por sua vez, crendo-se um mito popular, perdeu a oportunidade de se tornar apenas um ser humano que deu uma sorte imensa de ter perdido a primeira eleição presidencial que disputou e perdido outras duas, vencendo a quarta e a quinta, sucedendo a Fernando Henrique Cardoso, que lhe deixou o caminho aplainado.

 

A FÉ EM BOLSONARO

Os adversários de Lula tornaram Bolsonaro um mito para derrotar o outro mito. Para a eleição pode ter valido a pena, mas agora é preciso não cometer o mesmo erro dos Lulistas. Não se precisa do conceito de fé para governar um país. O poder no Brasil é efetivado com base na Constituição e nas leis. Não precisamos de divindades para nos governar, pois corremos o risco de ele acreditar ser divino mesmo e, aí, virar outro Lula, de quem precisaremos nos livrar, com a diferença que este “mito” de agora tem a força ao lado dele, o que o tornará ainda pior do que Lula, se, como este, não estiver à altura do cargo ao qual foi guindado, repito, não para ser Deus, mas para servir. Bolsonaro já está investido no poder, não mais precisa de crentes irracionais, mas de cidadãos movidos pela capacidade de análise racional dos atos que vai praticar no poder, que serão certos para alguns e errados para outros segundo os interesses de cada um. Razão e vigilância são as armas de agora, nada de sectarismo cego.

 

Últimas Postagens