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Oraculo

A revolta dos menudos


A revolta dos menudos

JOBIS PODOSAN 

Quando o seu pai ou a sua mãe, ou ambos, parecem ou pareceram heróis aos seus olhos de criança ou adolescente, porque você tem tudo que a vida pode oferecer, embora eles não tenham renda declarada compatível com o padrão de vida que ostentam, salvem os seus pais, chamem a polícia, por que não se trata de heróis, mas de ladrões e você é, tão somente, o usuário de produtos do crime e a justificativa para a falta de caráter deles. Alguns até choram na TV invocando a inocência dos seus filhos! Salve a eles e salve a você mesmo, porque vocês, além deles, serão julgados pelos erros dos seus pais. Apesar de a lei dizer que a pena não passa da pessoa do delinquente, o fato é que a pena criminal é a menor de todas as penas se considerarmos que o pai ou a mãe corruptos infamam toda a família, jogando-a na lama para sempre. É pena que nunca se acaba.É  castigo que nunca cessa, ultrapassando gerações. Assim como o bom nome acompanha as gerações, os maus atos a acompanham também.

Quando os pais optam pelo crime é hora de inverter a pirâmide: a base deve controlar o topo. É hora dos filhos entregarem seus pais à justiça, antes que esta chegue. E ela chegará. E você estará marcado para sempre com o ferrão da desonestidade dos seus pais. Procure saber dos seus pais de onde vêm os recursos que gastam com vocês e que sustenta um padrão de vida muito elevado. Peça para ver a declaração de renda dos seus pais, peça esclarecimento sobre o que não entender. Afinal, você tem o direito de não ser filho de gente desonesta.

Vejamos um caso exemplar e lamentável.

Certo professor dava aula sobre os princípios fundamentais anunciados pela Constituição nos seus artigos 1º a 4º. Falava da República e da Federação, da união indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal e dissertou sobre os fundamentos dessa nossa república federativa: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político, instruindo seus alunos que tais fundamentos se encontravam mais especificados ao longo da Constituição, materializando a abstração neles contida. Tratava o povo como a fonte do poder, o exercente do poder e seu destinatário, sendo os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário meros servidores qualificados, os primeiros investidos pelo voto popular e o último pelo saber jurídico.

Ao lado dos fundamentos tratava tambémobjetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:construir uma sociedade livre, justa e solidária,  garantir o desenvolvimento nacional,  erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais e promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 

A turma ouvia enlevada, a maioria; descrente, alguns e um particularmente cético, irônico. Era um jovem de 19 anos, que mirou o professor e perguntou a queima roupa: o senhor acredita mesmo em tudo que está dizendo?Essa história de princípios e valores no Brasil é mera utopia. De que planeta o senhor veio professor? O mestre franziu o cenho, preocupado, aquele menino estava sendo assassinado em casa! Morte moral, a pior de todas. O que fazer? Resolveu conversar com ele em separado. Depois de ser ouvido e muito ouvir ele reafirmou: professor, o Brasil é país para gente esperta e não para gente sonhadora. Aqui o que vale é se dar bem. E para se dar bem a pessoa tem que fazer o necessário e ir além, senão vem outrapessoa mais esperta e passa a perna. Essa história de constituição e de leis é para otário, para amarrar gente fraca. Os fortes estiram a mão e pegam o que querem e deixa o resto reclamar. Depois de rico nada mais acontece. Gente rica compra tudo!

A máxima bíblica sepulcro caiado(beleza por fora, podridão por dentro) saltou na frente do professor: ali estava perfeitamente acabada a expressão do fracasso retumbante. Para onde iria aquele menino, cuja inocência fora roubada pelos pais? Ele não era um jovem desorientado, ao contrário, era convicto, estava no caminho para ele certo, atravessaria montanhas, rios e mares, galgaria o Everest, estando na faculdade apenas para dar lustre à esperteza. Essa história correu a faculdade e gerou discussões sobre quem estava com a razão: o menino rico de haveres, mas pobre de princípios ou o professor cheio de princípios, mas pobre de haveres?

Pouco tempo depois,a da Polícia Federal, numa de suas  primeiras grandes operações, prendeu o pai do garoto esperto, os amigos do pai, os comparsas do pai, e todos os bens da família foram penhorados pela justiça e o menino chorou.

Não havia onde omenino esperto por os pés, o chão sumira!

O professor, compassivo, foi o único a lhe dirigir palavras de consolo.
Voltando ao principio, jovens, não deixem que seus pais os corrompam, dando-lhe coisas com o produto do roubo de praticam contra o povo! Denunciem esses canalhas. É um favor que fazem a eles e a vocês. Não os deixem usarem vocês como motivo para a roubalheira, criem o FDCPC: Filhos Decentes Contra Pais Corruptos. Consertem este pais que os velhos atiraram na lama. Eles não têm o direito de matá-los ainda vivos, condenando-os à morte civil.

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