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ORÁCULO

O ESTADO NOVO


O ESTADO NOVO
 
JOBIS PODOSAN
 
Com um engenho artificioso em 1935, conhecido como Plano Cohen, que depois se descobriu ser forjado, fruto da imaginação das pessoas da inteligência de Getúlio Vargas, disseminou-se a ideia da tentativa de domínio comunista no Brasil. Em 30 de setembro de 1937, quando se aguardavam as eleições presidenciais marcadas para janeiro de 1938, a serem disputadas por José Américo de Almeida e Armando de Sales Oliveira, ambos apoiadores da revolução de 1930, o tal Plano Cohen foi denunciado, pelo governo de Getúlio, como uma tentativa de tomada do poder, plano esse idealizado por um adepto do integralismo, o capitão Olímpio Mourão Filho, o mesmo que daria início à Revolução de 1964. Há várias versões e dúvidas sobre o Plano Cohen: Os integralistas negam ainda hoje participação deles no golpe de estado do Estado Novo, atribuindo ao general Góis Monteiro a transformação de um relatório feito pelo Capitão Mourão em um documento oficial: o dito Plano Cohen. Com a comoção popular causada pelo Plano Cohen, com a instabilidade política gerada pela Intentona Comunista, com o receio de novas revoluções comunistas e com as seguidas vezes em que foi decretado estado de sítio no Brasil, foi sem resistência que Getúlio Vargas deu seu segundo golpe de estado e instaurou uma nova ditadura em 10 de novembro de 1937, através de um pronunciamento transmitido por rádio a todo o País.
Getúlio, como o Fundador do Brasil, gostava de ares messiânicos e cultivava essa imagem entre os próximos e os distantes. Ninguém se mantinha muito tempo fiel a ele, sendo comum a desconfiança generalizada e a traição era coisa do dia a dia ente seus adeptos. Amigos de hoje eram inimigos de amanhã, fato que gerou a necessidade de criação de vários organismos de natureza policial, como os famigerados DIP e DOPS, para controlar a opinião de quem tinha os olhos abertos aos abusos getulistas e vigiar as pessoas próximas ao ditador, controlando-lhes a fidelidade. Os sequazes do Fundador tentaram, sob novo nome, controlar a mídia e a opinião pública, apropriando-se da razão pela supressão da pluralidade, que quando no poder abominam.
A dita constituição do Estado Novo podia ter apenas dois artigos: Art. 1º. Presidente pode tudo; Art. 2º. Revogam-se as disposições em contrário. Na verdade ele podia tudo mesmo. Governou os sete anos do estado novo sem Congresso, podendo aposentar ministros do Supremo e generais compulsoriamente, alterava a Constituição ao eu bel prazer e legislava por decretos com força de lei.
O Estado Novo era o sonho de todo aquele que pensa que é Deus. Só que os danos causados ao País iriam ser sentidos muito tempo depois, com a perda da consciência no poder do coletivo e a crença inoculada nos atos do dia a dia, de que a felicidade da nação depende de alguém iluminado que distribui coisas ao povo sem a contrapartida do trabalho. Como os seguidores do Fundador nada leem, fica difícil lhes explicar Getúlio com base na literatura que no seu tempo foi produzida, como a trilogia os Subterrâneos da Liberdade de Jorge Amado e Memórias do Cárcere de Graciliano Ramos ou mais atuais como a trilogia de Lira Neto ou a obra Chatô, o Rei do Brasil, de Fernando Morais, para citar apenas quatro de dezenas.
Alguns citam como mérito de Getúlio a criação da Justiça do Trabalho (1939), a instituição do salário mínimo, a Consolidação das Leis do Trabalho, também conhecida por CLT (1943). A criação da Companhia Siderúrgica Nacional (1940), a Vale do Rio Doce (1942), e a Hidrelétrica do Vale do São Francisco (1945), a criação do IBGE em 1938.
A se louvar tais criações, não se pode deixar de observar que foram todas gestadas no período ditatorial do Estado Novo, onde Getúlio governava sozinho. O que ele queria, criava. Seria isto uma coisa boa? Então vamos instituir de novo a Ditadura!
Curioso que os louvadores de Getúlio são os mesmos que criticam o chamado regime militar de 1964/1985 por ser uma...Ditadura e tudo que nele se produziu ter esse defeito genético que torna tudo ruim!
“Pai dos pobres” é expressão que produz como efeito gerar mais pobres, pois não se pode acabar a pobreza dividindo o trabalho de alguns em benefício de todos, disso resultando o que vemos hoje na Era do Fundador: a igualdade da miséria. A igualdade perante a lei é benéfica, mas tentar realizar a igualdade material, distribuindo os impostos arrecadados de uns poucos para entregar prestações de sobrevivência aos mais pobres, nada mais é que estimular a inércia na luta pela vida. Às pessoas da extrema riqueza ou da extrema pobreza, compram-se com dinheiro. As primeiras, porque a moral delas e enriquecer mais e mais. As segundas, porque a moral é sobreviver. Para aqueles, milhões os compram; para estes, bastam migalhas com o discurso de “ajuda aos mais pobres”. Enquanto isto as pessoas da classe média, que luta para ganhar o pão com o suor do próprio rosto e a moral é advinda dos costumes médios da sociedade, padecem sendo espoliados pelos ricos e pelos políticos demagogos que usam os impostos para comprar votos de quem elege: a pobreza.
O fundador do Brasil, que nasceria do mesmo ano da queda do Estado Novo, insciente dos prejuízos dessa política malfazeja, porque nada leu sobre a experiência história, retomaria esse pensamente absurdo, que tornou Getúlio inapto a governar sob o regime da legalidade, preferindo o da “iluminação” sua, e o levou ao suicidio na segunda fase constitucional do longo período governamental. A primeira fase da chamada Era vargas, foi de 1930 qa 1934, neste período, Getulio era o Estado e o Estado era ele. Não tinha constituição escrita que limitasse a sua ação. Ele era a constituição e as leis. Podia tudo e muito mais. A segunda fase, a primeira limitada sob uma constituição foi e 1934 a 1937. Avesso a limites legais, Getúlio constorcia-se para governar e, em razão disso, procurou um meio para voltar a governar de modo absoluto. Com a criação do Estado Novo, deu origem à terceira fase da Era Vargas que como acima se disse, voltou a poder tudo. Mas ninguém submete um povo por todo tempo. Com o fim dos governos ditatoriais no mundo civilizado, nós também precisavamos mudar e Getúlio caiu e com ele o Estado Novo, em dia 29 de outubro de 1945.
Getúlio deu origem ao assistencialismo do qual o Fundador se valeu para acabar de quebrar o que havia de honra nos brasileiros. Viramos pessoas sem capacidade de buscar soluções fora da miséria governamental. Pessoas cuja única contribuição ao país é colocar no governo gente desonesta e aves de rapina, gente que não tem pejo de pedir e obter votos de um povo alquebrado e sem horizontes.
Em 27 de outubro desse mesmo ano, nasceria o Fundador do Brasil, em Caetés, Pernambuco. Uma luzinha que viria a brilhar a partir de 1º de janeiro de 2003, quando fundou o Brasil e tornou tudo antes dele irrelevante, inclusive Getúlio e seu escandaloso Estado Novo.

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