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ORÁCULO

JOBIS PODOSAN


A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

 

JOBIS PODOSAN

 

Deodoro era monarquista, somente na última hora converteu-se à República. Convencido de que o Império ruiria de qualquer modo, resolveu participar do movimento. Era hora de mudar em função das circunstâncias. A República do Brasil foi proclamada em 15 de novembro de 1889. Nesse dia, Deodoro entrou no Quartel-General do Exército (hoje Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste, no Rio de Janeiro), montado num cavalo, e terminou com o último Gabinete da Monarquia (Gabinete Ouro Preto), que se encontrava em reunião naquele local.  

Não houve participação popular no movimento. Como em todos os casos de movimentos sediciosos neste país, o povo brasileiro foi o último a saber. Só os governantes sabem o que o povo quer. Curiosamente, no governo do Fundador, o governo também passou a não saber de nada. As coisas aconteciam, mas nem o povo e nem o Fundador sabiam de nada. A conspiração que derrubou a monarquia ficou restrita a poucos republicanos. Entre eles estavam Rui Barbosa, Aristides Lobo e Quintino Bocaiúva, as maiores lideranças republicanas do Rio de Janeiro, Francisco Glicério, proeminente chefe do Partido Republicano Paulista, e Benjamim Constant, estadista, militar e professor. Benjamim Constant começou a conspirar para a derrubada da monarquia no início de novembro de 1889. No dia 11 do mesmo mês, Rui Barbosa, Aristides Lobo, Benjamim Constant e Quintino Bocaiúva, entre outros, conseguiram a adesão do Marechal Deodoro da Fonseca, figura de maior prestígio do Exército que relutara em participar do movimento devido à sua amizade com o imperador. Eles decidiram que o golpe seria desfechado no dia 20 de novembro. Diversos boatos foram espalhados pelos jovens oficiais, entre os quais o Major Sólon Ribeiro. Circulava a notícia que o governo tinha ordenado a prisão dos envolvidos, em especial Deodoro e Benjamim Constant, transferido batalhões para as províncias e, até mesmo, extinto o Exército, substituindo-o pela Guarda Nacional. Essas especulações provocaram uma reação imediata. Na manhã de 15 de novembro de 1889, Deodoro, à frente de um batalhão, marchou para o Ministério da Guerra, depondo o Gabinete de Ouro Preto. Não houve resistência. Os revoltosos conseguiram a adesão das tropas governistas. Deodoro, que estava doente, retirou-se para a sua residência e os militares voltaram aos quartéis. Alguns republicanos, entre os quais José do Patrocínio, preocupados com a indefinição do movimento, dirigiram-se à Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, proclamando a República. Patrocínio intitulou-se "proclamador civil da República". Observe-se que o Brasil já tivera, descobridor (Cabral), proclamador da independência (Pedro I), patriarca da independência (José Bonifácio), proclamador da república (Deodoro) e proclamador civil da república (Patrocínio) e ainda teria, antes do Fundador, o consolidador da república (Floriano). No meio desses acontecimentos extraordinários ninguém deu maior atenção ou destaque à atuação de Moisés da Silva — com sua tradicional barba e a mão esquerda de quatro dedos — que também participara da abolição da escravatura, dando seguimento à saga do Fundador do Brasil.

Moisés destaca-se nos bastidores da consolidação do novo e desconhecido Estado brasileiro. A nova forma de estado, a federação, é importada do modelo da América do Norte. O antigo estado unitário, com um só centro de decisões, foi repartido em autonomias regionais chamadas Estados-Membros, com governadores eleitos, como temos até hoje. O governo, de monárquico, passa a republicano, tornando-se o povo a fonte do poder e, as eleições, o meio de conquistar esse poder. A federação americana foi formada por aglutinação, com as antigas treze colônias, tornadas independentes em 1776, abriram mão de suas soberanias, resolveram criar um ente maior, encarregado das questões mais importantes, preservando boa parte do poderes regionais. Aqui no Brasil, tínhamos uma constituição já com 65 (sessenta e cinco) anos de vigência - a mais longeva da nossa História – e uma só emenda, e modificamos a forma de estado (de unitária para federativa), a forma de governo (de monarquia para república), o sistema de governo (de parlamentarista, na prática, para presidencialista) e nos aproximamos mais do que hoje chamamos estado democrático de direito. Moises Silva, como seu descendente ilustre, conspirou contra a assunção de Floriano, pois entendia que deveria haver eleição. No governo Prudente de Moraes (1994/1998) Moisés da Silva solidarizou-se a Antônio Conselheiro, nos confins do norte da Bahia, contra o latifúndio e a favor dos nordestinos e lutou contra as expedições que dizimaram as tropas maltrapilhas do Beato do sertão (os sertanejos derrotaram a primeira expedição, comandada pelo tenente Manoel da Silva Pires Ferreira, a segunda chefiada pelo major Febrônio de Brito, a terceira comandada pelo coronel Antônio Moreira César e foram vencidos pela quarta, comandada pelo General Artur Oscar). A guerra começou em 1896 e terminou em 1897.  O arraial de Canudos resistiu até 5 de outubro de 1897, quando morreram os quatro derradeiros defensores. O cadáver de Antônio Conselheiro foi exumado e sua cabeça decepada a faca No dia 6, quando o arraial foi arrasado e incendiado, o Exército registrou ter contado 5.200 casebres. De canudos veio a inspiração do Fundador para os programas sociais, realizando as profecias do Conselheiro que prometia um mundo abundâncias para o povo. O mar ia virar sertão e o sertão ia virar mar. Prometeu também que as águas dos rios virariam leite e suas ribanceiras seriam tranformadas em cuzcuz.

O sentido metafórico de tais promessas foram materializadas pelo Fundador, acredita ele.

 

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