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ORÁCULO

JOBIS POSODAN


A FUNDAÇÃO DO BRASIL - OS GOVERNADORES–GERAIS

 

Pindobusu também aprendeu o nunca antes com o seu pai. Era a marca da família. Ajuricaba, seu pai, também pediu ao filho que prestasse atenção nos trabalhos da lavoura para não perder também o dedo mindinho da mão esquerda. Como todos na família, Pindobusu teve barba precocemente, aliás, os machos da família já nasciam com barba.

Quando, em 1549, Tomé de Sousa chegou ao Brasil, trazendo consigo centenas de colonos, degredados e religiosos, estes chefiados pelo Padre Manuel da Nóbrega, já encontrou Pindobusu rapaz, porém um tanto preguiçoso para o trabalho, gostando muito mais dos afazeres leves e principalmente das atividades de oratória.  Submetido à catequese, o índio, barbudo ainda menino, revelou pendores religiosos e em pouco tempo era sacristão do Padre Manoel da Nóbrega, com quem aprendeu a arte de convencer pela palavra a quantos quisessem nele acreditar. Também tinha muito orgulho de si mesmo, repetindo sempre: “se tem uma coisa que eu me orgulho, neste país, é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu”, antecipando-se ao Fundador, que repetiria essa mesma frase séculos mais tarde. Nomeado por um período de quatro anos, Tomé de Sousa doou sesmarias aos colonos para que montassem fazendas. No dia 1º de maio de 1549 começou a construir a cidade de Salvador, que seria a primeira capital do Brasil. Já ali, Pindobusu descobriu que havia gente sendo explorada e começou a reclamar pela conquista dos direitos, cativando alguns trabalhadores.  Os trabalhos tiveram a ajuda de nativos, amigos de Diogo Álvares Correia, o Caramuru, náufrago português que viveu 22 anos isolado com os tupinambás. Entre os principais problemas enfrentados pelo primeiro governador-geral, estava a luta pelo reconhecimento de sua autoridade, contestada por diversos donatários, entre os quais Duarte Coelho, da próspera capitania de Pernambuco, onde nasceria o Fundador do Brasil no ano de 1945, pois os mesmos não aceitavam, na prática, acatar as suas ordens. Pindobusu, que já tinha deixado a Igreja, encontrou a sua vocação verdadeira: agitar os trabalhadores contra os patrões. Tais problemas só foram superados com o tempo, até que recomeçaram no final dos anos 1970, quando o Fundador do Brasil realizou o sonho de toda a sua ascendência:  viver sem trabalhar, na conversa, só na nobreza! Dentre as principais realizações desse governo, destacaram-se os incentivos à lavoura da cana-de-açúcar, o início da criação de gado e a organização de expedições que saíam pelas matas à procura de metais preciosos. Além disso, procurou Tomé de Sousa empreender visitas às capitanias que estavam ao seu alcance, para o encaminhamento de soluções administrativas.

Com o tempo, Pindobusu descobriu que o discurso raivoso era repleto de “bravatas” e que, para melhor alcançar resultados positivos, era preciso amenizar os discursos e aliar-se aos homens de verdadeiro poder, aplicando a filosofia que ainda seria inventada do “paz e amor”, sob o lema de tolerar para agradar e ganhar. Fingia ser trabalhador, mas morava em casa emprestada por amigos, era sustentado por uma caixa de socorro mútuo que fundou para lutar pelos direitos dos trabalhadores – naquele tempo ainda não havia sindicatos – andava pelas diversas capitanias em caravanas precursoras das Caravanas da Cidadania, fazendo elogios de si mesmo, enfim descobriu uma forma de viver que dispensava o trabalho próprio e ganhava o pão com o suor do rosto dos outros.

Quando Duarte da Costa desembarcou no Brasil, em 1553 trazendo uma comitiva de 250 pessoas, entre elas o noviço José de Anchieta, encontrou Pindobusu em grande ativadade. Ajudou o governador a organizar as entradas no sertão para procurar as desejadas riquezas minerais. No incidente entre o  bispo D. Pero Fernandes Sardinha e D. Álvaro da Costa, Pindobusu propôs uma rodada de negociações onde os dois pudessem conversar e se entender. Como não foi ouvido, o Bispo foi mandado para Portugal para se explicar, mas nunca chegou lá, devorado que foi pelos antropófagos índios Caetés. O Fundadou praticou, mais tarde, a autofagia, devorando as pessoas que nele acreditaram.

O segundo governador geral fundou também alguns colégios, mas Pindobusu era avesso a letras e livros, pois acreditava firmemente que e melhor maneira de fracassar era estudar.

O terceiro Governador-Geral, Mem de Sá, chegou ao Brasil em 1558 e governou até 1572 e encontrou Pindobusu em grande atividade, que hoje chamaríamos política. Indagou o que fazia o líder dos movimentos de reação contra os colonizadores, mas ninguém sabia exatamente o que ele fazia e nem como vivia, apenas que reinvindicava em nome das pessoas que eram exploradas. O Governador procurou pacificar a colônia, liderando a guerra contra o gentio revoltado. Nessa luta, perdeu o filho, Fernão de Sá, em combate na Capitania do Espirito Santo, onde Pindobusu lutou ao lado dos revoltosos e terminou perdendo o dedo mindinho da mão esquerda. Na verdade Pindobusu liderou de longe a equipe que lutava, mas, por infeliz acidente, um correligionário disparou o arco e flexa com tal atabalhoamento que decepou o dedo mindinho da mão esquerda de Pindobusu, antecipando os problemas que o Fundador teria com o que hoje chamamos “fogo amigo”.

Pindobusu também assistiu à Fundação da Cidade do Rio de Janeiro, em 1º de março de 1565, pelo sobrinho do Governador-geral, Estácio de Sá, prática que chamou a atenção de Pindobusu que, embora fizesse oposição ao Governador, gostou de vê-lo botando familiares para lucrar no governo. Mem de Sá incentivou a produção açucareira, estimulou o tráfico de escravos africanos e decretou leis que protegiam da escravidão dos indígenas já catequizados, entre eles Pindobusu, que viu na escravidão e no tráfico os germéns que permitiria a luta dos trabalhadores, que naquele tempo ainda não se chamava assim.

Pindobusu casou com negra Alyia, que significa exaltada e gerou o cafuzo que foi batizado com o nome africano Chimalsi, que significa jovem e orgulhoso.

 

 

 

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