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ORÁCULO

JOBIS PODOSAN VAI À FACULDADE


JOBIS PODOSAN VAI À FACULDADE

Jobis Podosan, como já dito, é o brasileiro mais brasileiro do Brasil. Jobis fica menos confuso quando entra na faculdade, o problema começa a ficar claro na sua cabeça, mas ainda não sabe a solução. Aprendeu, no entanto, que, mergulhando no problema, achará, dentro dele, a solução. Numa das primeiras aulas da faculdade, Jobis aprendeu que a solução reside dentro do problema. Agora que ele está sendo capaz de ver os problemas, entusiasma-se com a possibilidade de encontrar as soluções para resolvê-los.

Jobis aprendeu que a sociedade é composta por pessoas humanas, que não são intrinsecamente boas ou más. Ora são boas, ora são más. Não há pessoa que seja só boa ou só má.

Enlevado no seu sonho de perder as “escamas dos olhos” e encontrar a solução para os problemas que antes o atormentavam, Jobis ía às aulas com entusiasmo, a cada dia uma informação nova, a cada semestre uma evolução magnifica. Ao lado dos conhecimentos jurídicos, Jobis também era instruído pelos professores a ler os clássicos da literatura universal e penetrou num mundo antes desconhecido. A leitura dos grandes julgamentos da história, os erros judiciários, as absolvições injustas, as pressões sobre os aparelhos policial e judiciário, a pieguice para obtenção de cargos, o protecionismo nepotista que ainda prevalece no Brasil, o patrimonialismo lido em Raymundo Faoro, a corrupção desenfreada, faziam Jobis ter momentos de depressão e euforia. A realidade vista pelo conhecimento fez Jobis ora pensar que está no país do futuro, ora que está no país sem futuro.

Será que um país pode ser ao mesmo tempo certo e errado? Jobis enxergava o certo e o errado por toda parte. Via o Senhor Dermeval de sua infância contrito, batendo as mãos no peito, nos momentos de maior devoção, rezando o Senhor Deus, no Mês de Maria e nas trezenas de Santo Antônio, na casa de D. Epifânia, e achava que ele era o maior homem do mundo, exemplo a ser seguido por todos. Na cabeça de menino de Jobis o senhor Dermeval podia ser qualquer coisa, com ele tudo daria certo. Jobis ouvia falar de um tal Juscelino, que construiu uma cidade e mandava no Brasil, mas não conseguia ver outra fisionomia senão a do Senhor Dermeval. Se esse Juscelino fosse bom mesmo, teria que ser igual ao Senhor Dermeval!

Por outro lado Jobis via o Prefeito fazer fazendo festas que o pai de Jobis dizia serem erradas, pois feitas com um tal dinheiro público.

Mas o povo, que gostava do Senhor Dermeval, também gostava do Prefeito. Por razões diferentes, claro. Ao primeiro respeitava, quando ele passava tiravam-lhe o chapéu e o cumprimentavam com cerimônia. Ao segundo, não tinham respeito, mas ele dava coisas e o povo as recebia, pois pensavam que ele dava do próprio bolso, embora houvesse quem garantisse o contrário, dizendo que ele dava tais coisas com o nosso próprio dinheiro!

Jobis não entendia como podia ser isso. Como poderia ele gastar o direito nosso e não ser preso? Isto não era roubo?

Na faculdade Jobis passou a compreender melhor os mecanismos daquilo que ele aprendeu se chamar Poder e resolveu que dedicaria sua vida, assim que tivesse os conhecimentos necessários, a escrever sobre o Poder e seus limites.

Leu, no livro O Espírito da Leis, de Montesquieu, que “todo homem que detém o poder tende a abusar dele, por isto é necessário que as coisas dispostas de tal maneira que o poder detenha o poder”. É a tal separação de poderes. Bonito de ler! Porém, o francês não explicou o que acontece quando os poderes se juntam para abusar do povo. Como se resolve esse conluio?

Jobis viu o monstro do Poder crescer até atingir a cumeeira da nação e pensou: quem fez tudo isso fez um bem ao Brasil. Por vias tortas, levou o país ao fundo do poço, pôs a nu todas as aves de rapina e criou a sensação de fracasso que nos impulsiona a buscar soluções para emergir da escuridão.

Pela via do conhecimento, o país entrará nos eixos, sonha Jobis nos dias atuais.

Em uma série de artigos, Jobis buscará esclarecer como se deu a Fundação do Brasil, em 1º de janeiro de 2003, sua derrocada ao fundo do poço e sua chance de renascimento.

Jobis buscará, numa mistura da História, estórias imaginação, fazer uma analogia entre as figuras de Sócrates (que leu muito, falou muito, não escreveu nada, mas fundou uma escola filosófica, com base nos escritos dos seus antecessores (pré-socráticos) e seguidores pós-socráticos), Jesus Cristo (do qual não se conhece a fonte formal do seu conhecimento, mas que é atribuído ao autodidatismo ou/e à revelação divina, falou muito, não escreveu nada, mas fundou uma das maiores religiões da humanidade, com base nele a história foi dividida em duas partes: antes dele e depois dele) e a do Fundador do Brasil (que não estudou nada, falou e fala muito, não escreveu nada, não disse nada, não sabe de nada do que acontece a sua volta, mas fundou um país surreal: antes dele, não havia nada e depois dele, também não há nada, exceto seguidores presos e o Fundador, milagrosamente, solto).

Jobis estudou e continua estudando muito, na contramão dos seguidores do Fundador, que construiu uma doutrina singular: para resolver questões graves, por maiores que sejam, é preciso incumbir alguém que nada saiba sobre o problema. A ignorância, como sinônimo de nada saber, é a fonte para solucionar problemas complexos!

Todas as sextas feiras, a partir do dia 04 de agosto, Jobis Podosan estará aqui, falando sobre estes e outros problemas deste país pós dilúvio.

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