- 25 de novembro de 2024
A Copaíba como anti-inflamatório
Um trabalho pioneiro no Estado do Amazonas está sendo realizado com substâncias isoladas do óleo da copaíba de forma que os compostos sejam avaliados como agentes anti-inflamatórios de forma isolada. O projeto de pesquisa é do professor universitário Emerson Lima em parceria com o também professor Valdir Veiga Júnior, ambos da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
O estudo é fomentado pelo Governo do Estado por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa de Apoio à Núcleos Emergentes de Pesquisa (Pronem). Segundo Emerson, o projeto consiste em isolar substâncias do óleo da copaíba em escalas de gramas e fazer uma modificação química nesses compostos. O projeto rendeu uma primeira publicação em revista internacional (Molecules 2015, 20(4), 6194-6210; doi: 10.3390/molecules20046194).
“Nós isolamos essas substâncias e fazemos as modificações estruturais nas moléculas, visando a síntese de novas moléculas mais ativas do que as naturais. A gente vislumbra estudar a atividade anti-inflamatória em modelos, primeiramente, ‘in vitro’ – processo feito normalmente em cultura de células – para verificar esse potencial e depois faremos os testes em vivos, utilizando animais em laboratórios”, explicou Lima.
Os testes em animais fazem parte da segunda etapa do estudo e a aplicação será feita em modelos de artrite – inflamação de alguma articulação – para analisar a ação de cura desse processo. As substâncias mais ativas da copaíba, detectadas na primeira etapa, é que serão utilizadas nos testes. Segundo Emerson, o estudo traz uma enorme vantagem para a área de pesquisas no Estado, visto que é um estudo pioneiro, utilizando uma abordagem baseada multidisciplinar e pode testar, assim, um grande número de compostos, com grande possibilidade de encontrar substâncias ativas.
De acordo com o pesquisador, os primeiros resultados da segunda fase do estudo já estão prontos e apontam dados bastante positivos. “O óleo de copaíba bruto é bastante ativo, porém as substâncias isoladas dele, não. Nós estamos conseguindo modificar esse quadro ao sintetizar essas substâncias, pois estamos conseguindo melhorar a atividade delas. Por mais que o projeto ainda esteja, relativamente, no início, nós já avançamos e muito nas pesquisas nessa área”, disse Emerson.
O objetivo final do projeto de pesquisa é gerar patentes e utilizar o resultado do estudo na área farmacêutica e medicinal. Abrir espaço para publicações de artigos com esse tema e projetos de mestrado e doutorado, também é a finalidade do pesquisador. O estudo deve ser finalizado dentro de um ano com patentes geradas e artigos publicados após o término das pesquisas.
“O que nós queremos é incentivar outros pesquisadores a avançarem em estudos nessa área, mostrando que a Amazônia é rica em matérias-primas que podem ser manipuladas para o uso farmacêutico e medicinal, trazendo benefícios para a população. Temos poucos artigos publicados e relatados na literatura, mas queremos mudar esse cenário e mostrar que o que estamos fazendo é inovação e que, por isso, precisa se divulgado”, assinalou Lima.