- 25 de novembro de 2024
Manaus pode sofrer apagões
ANDRÉ BORGES - O ESTADO DE S.PAULO
BRASÍLIA - A Petrobrás decidiu cortar o fornecimento de gás para a Amazonas Energia, empresa do grupo Eletrobrás responsável pelo abastecimento de todo o Estado. O corte de aproximadamente 1 milhão de metros cúbicos de gás por dia coloca em situação de risco a segurança energética de Manaus e de toda a região, principalmente em horários de pico de consumo, o que pode levar a rede de distribuição ao estresse e, consequentemente, causar apagões.
A decisão radical da Petrobrás, conforme apurou o Estado com uma fonte do governo, foi tomada após sucessivas tentativas de chegar a um acordo com a empresa sobre o pagamento da dívida.
Corte é de aproximadamente 1 milhão de metros cúbicos de gás
Corte é de aproximadamente 1 milhão de metros cúbicos de gás
No mês passado, a Amazonas Energia deu um novo calote na Petrobrás, deixando de pagar uma das mensalidades previstas em negociação firmada em dezembro de 2014. Pelo acordo, a Amazonas Energia assumiu o pagamento de uma dívida de cerca de R$ 3,5 bilhões, que seria quitada em 120 parcelas. No último mês, porém, a empresa simplesmente deixou de pagar a conta. Para complicar a situação, a Amazonas Energia passou a acumular novos passivos com a Petrobrás, uma conta extra que, segundo apurou a reportagem, hoje supera R$ 2 bilhões.
Em maio, fornecedor e cliente tentaram chegar a um acordo, mas a negociação não avançou. A Petrobrás notificou a Amazonas, dando prazo de 30 dias para que se achasse uma solução. Não se chegou a nenhum acordo. Hoje, a Petrobrás cobra a Amazonas Energia na Justiça.
Procurada, a Petrobrás informou apenas que “continua conversando e negociando com todos os parceiros envolvidos em seus negócios”. A Eletrobrás e a Amazonas Energia não responderam até o fechamento da reportagem.
Internamente, a Petrobrás não consegue entender por que a Amazonas Energia simplesmente não honra a sua dívida. A rigor, a empresa recebe, todos os meses, recursos pagos pelo consumidor de todo o País, via conta de luz, para quitar essa despesa, ou seja, não se trata de recursos que saiam dos cofres da distribuidora, mas sim do bolso do cidadão.
Toda a negociação feita entre a Petrobrás e a distribuidora da Eletrobrás foi intermediada diretamente pelo governo, no fim de 2014.
Hoje, Manaus é a única cidade do Estado que está conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN), rede que transmite energia para todo o País. O resto do Amazonas é abastecido por redes isoladas e supridas por usinas termoelétricas movidas a óleo combustível e diesel.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já criticou, em diversos processos, a gestão da Amazonas Energia. Entre os maiores problemas estão casos como duplicidade de compra de combustível para uma mesma usina e contratos nos quais o preço do insumo chega a superar até mesmo o valor das tabelas de postos de combustível. A empresa também registra índices alarmantes de furto de energia, os tradicionais “gatos”.