- 25 de novembro de 2024
Estudantes discutem violência
Mais de 50 alunos do 3.º ano do ensino técnico do Campus Amajari do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima (IFRR-CAM) participaram, na tarde desta terça-feira, dia 21, de palestra com o sociólogo Linoberg Almeida, que conversou sobre temas como tipos de violência, homofobia e suicídio.
O encontro, articulado pelo professor do CAM Paulo Alves, ocorreu na biblioteca da unidade e foi motivado pelos recentes casos de estupro coletivo que provocaram grande comoção. O objetivo foi passar informações para que os alunos tenham condições de ouvir, dialogar, refletir e identificar os tipos de violência. “Sentimos a necessidade de trazer esse debate para sala de aula”, disse Alves.
Conforme o sociólogo, a violência não se manifesta de uma única maneira e não escolhe cara, gênero, cor ou idade – atinge todos. Ela pode ser psicológica, física, verbal, emocional, e com aspecto bem coletivo. “Porque atinge de crianças pequenas a idosos, e não exclui mulheres grávidas. O problema é como a gente trata esses tipos de violência”, comentou.
O palestrante afirmou que Roraima, em tempo de Olimpíadas, criou um pódio particular. “Em primeiro lugar, somos campeões em estupro; em segundo, em suicídio; e em terceiro, em feminicídio”, enumerou, explicando que as pessoas precisam trabalhar soluções que empoderem os grupos que sofrem essas violências, e isso ocorre por meio de esclarecimentos.
Em relação ao suicídio, Almeida citou dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública de Roraima que apontam 44 casos em 2015. Ele defende que o tema não seja apenas de psicólogos, sociólogos, pastores, padres. “O suicídio é assunto de gente de uma sociedade que é capaz de lidar com seus problemas de uma maneira politicamente combinada”, afirmou.
Para ele, a sociedade carrega o mundo nas costas e não tem o hábito de dividir os problemas. A forma de reverter esse jogo é cobrar menos das pessoas como indivíduos e passar a cobrar políticas públicas eficientes, pois o atual sistema de saúde, por exemplo, não oferece atendimento adequado; não trata a questão das drogas da maneira real, não trata o adolescente da maneira que deveria tratar, no tempo certo, na idade certa, com o discurso certo. “Ou a gente descobre o texto e vai conversar sobre esse assunto com as pessoas, ou a gente vai ficar calado, esperando que as pessoas sejam vítimas dos nossos silêncios”, destacou.
Para o aluno Lucas Barrroso Januário, 18, morador da Comunidade Araçá, a palestra esclareceu como a violência acontece no dia a dia, dentro de casa, na sala de aula, por meio de pequenos gestos que até então não eram classificados como incorretos. “Achei interessante porque abriu minha mente e me mostrou como eu posso participar ativamente do combate à violência”, avaliou.