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Mais Crimes

PF diz que Neudo Campos negociava pelo governo de RR mesmo foragido.


Neudo agia pelo governo

Inaê Brandão
Do G1 RR

A Polícia Federal (PF) informou nesta sexta-feira (3) que o inquérito que apura a prisão de dois policiais militares suspeitos de tentar auxiliar o ex-governador Neudo Campos (PP) a fugir está sendo concluído. Conforme o delegado da PF, Alan Robson, as investigações apontam que Campos agia como 'emissário do governo' enquanto estava foragido da Justiça.
Em nota, a Secretaria de Comunicação do Governo informou ao G1 que o estado não foi notificado oficialmente sobre as investigações.
Durante a apuração de informações, dois empresários, um sul coreano e um venezuelano, afirmaram em depoimento que se reuniram com Campos e com a secretária adjunta da Secretaria de Assuntos Internacionais Fátima Araújo em uma casa no bairro Caçari, zona Leste de Boa Vista, no dia em que os policiais foram presos.
"Os empresários confirmaram que o ex-governador atuava como emissário do governo para tratar de negócios e investimentos em Roraima", disse Robson afirmando que "estranhava a atuação de uma pessoa procurada da justiça como emissário do governo".
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Segundo Robson, os empresários foram ouvidos como testemunha e liberados. "Eles afirmaram que desconheciam que o ex-governador tinha um mandado de prisão em aberto".
Sobre os policiais presos, o delegado disse que foram ouvidos oficiais da Casa Militar que chefiavam os agentes. À Polícia Federal, os oficiais afirmaram que não sabiam o que os policiais suspeitos faziam no dia da prisão.
"São oficiais da Casa Militar que desconheciam o que os suspeitos estavam fazendo no dia em que foram presos. Se os chefes não sabiam, a situação se torna mais estranha", disse Robson.
O delegado declarou ainda que a Polícia Federal constatou que o carro em que os policiais foram presos pertence a uma empresa no Amazonas que é locado pela Secretaria de Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes), pasta ocupada por Emília Campos, filha de Neudo Campos com a governadora de Roraima, Suely Campos (PP).
A investigação do flagrante dos policiais militares deve ser concluída nesta sexta e entregue à Justiça Federal.
Além do inquérito que investiga os policiais presos em flagrante, Robson contou que outro inquérito apura um eventual favorecimento pessoal ao ex-governador por parte de policiais e servidores públicos. Este continua em andamento.
Estado de saúde
No dia 30, Campos foi internado no Hospital Geral de Roraima (HGR), onde seguiu hospitalizado até a manhã dessa quinta-feira (2). Na tarde do mesmo dia ele foi transferido para o Hospital Lotty Íris, em Boa Vista, segundo informou a Polícia Federal.
"Os médicos demonstraram a desnecessidade dele estar na UTI [Unidade de tratamento Intensivo] e como não tinha vaga para internação no HGR [Hospital Geral de Roraima] ele foi transferido para outro hospital conveniado do SUS, o Lotty Íris", afirmou.
Condenação
O ex-governador foi condenado a 10 anos e oito meses de prisão por envolvimento no esquema de desvio de verbas públicas conhecido como "escândalo dos gafanhotos", que consistia no cadastramento de funcionários “fantasmas” na folha de pagamento do Estado e do Departamento de Estradas e Rodagem de Roraima (DER/RR), para distribuição dos salários a deputados estaduais e outras autoridades em troca de apoio político.
Em fevereiro deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) pediu a prisão de Campos com base no novo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a possibilidade de cumprimento da pena de prisão após decisão de segunda instância. Porém, ele conseguiu na justiça um habeas corpus que lhe assegurava a liberdade de locomoção.
Em abril, o MPF voltou a pedir a prisão dele por condenação em segunda instância em outro processo do "escândalo dos gafanhotos". O mandado de prisão foi derrubado por outro habeas corpus expedido pelo TRF1.
No dia 20 deste mês, outros cinco envolvidos no 'escândalo dos gafanhotos' durante operação Praga no Egito, deflagrada em 2003, foram presos.
Junto com eles, também foi expedido um mandado de prisão contra a mulher do senador Telmário Mota (PDT), a médica Suzete Oliveira, que se entregou à PF no dia 25, após cinco dias foragida. Ela conseguiu liberdade no mesmo dia.
O que o Governo diz:
A Secretaria de Comunicação do Governo esclarece que o Estado de Roraima não foi notificado oficialmente acerca de quaisquer investigações ou procedimentos sobre suposto uso do aparato estatal, nem teve acesso ao inquérito.
Diante do teor das informações extraoficiais veiculadas pela Polícia Federal, através da imprensa, a Procuradoria Geral do Estado de Roraima encaminhou ofício à Superintendência da Polícia Federal no dia 25 de maio, solicitando cópia do inquérito policial, para tomar conhecimento da situação e adotar as providências cabíveis.
O pedido ainda não foi atendido pela Polícia Federal.
Havendo conduta incompatível de servidores públicos, serão instaurados os procedimentos administrativos de praxe, pois o Estado de Roraima não se coaduna com tais práticas.

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