- 26 de novembro de 2024
Violências contra mulheres
O Centro Humanizado de Atendimento à Mulher (Chame), da Asssembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), divulgou nesta terça-feira (12) os dados de acolhimento sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher em 2015. Conforme o documento, foram notificados 787 casos no Estado. Em comparação com os números de 2014, que registrou 184, as ocorrências quadruplicaram.
As agressões psicológica e moral lideram as denúncias de violência, com 463 e 363 notificações, respectivamente. Seguidas da agressão física que registrou 276 casos; sexual, 204; e patrimonial 179 registros. Segundo a coordenadora do Chame, deputada Lenir Rodrigues (PPS), esse acréscimo significativo nos atendimentos não quer dizer que aumentou a violência, mas revelam que as mulheres passaram a ter coragem de denunciar.
Durante todo o ano de 2015, além de atender diariamente na sede, que fica em Boa Vista, o Chame promoveu vários atendimentos de prevenção e enfrentamento à violência contra a mulher, nos municípios do interior. São feitos acolhimento interdisciplinar (psicológico, social, jurídico, de orientação e informação). Também são promovidas palestras e mediados conflitos familiares em parceria com a Defensoria Pública, como divórcio, dissolução de união, reconhecimento de paternidade/maternidade, ação de alimentos e guarda dos filhos.
“No Brasil, as estatísticas dizem que Roraima, em termos proporcionais, com dados de 2013, é o Estado com maior índice de violência doméstica e familiar. Não é que sejamos o Estado mais violento, é que nós fizemos um trabalho que as pessoas tiveram mais coragem de denunciar”, disse Lenir.
Ela acrescentou que as ações da Delegacia da Mulher, Tribunal de Justiça e Ministério Público com o Juizado de Violência Doméstica e Familiar também contribuíram para esse aumento nas notificações.
“Isso faz com que as pessoas tenham coragem de vir e dizer: ‘Eu fui violentada sexualmente pelo meu marido. Eu não queria ter relação sexual e fui violentada’. Que é algo muito difícil das pessoas entenderem. Isso é crime. Está previsto na Lei Maria da Penha. Então, as pessoas estão com mais coragem. O número de atendimento psicológico no Chame aumentou muito porque as pessoas começaram a buscar orientação”, esclareceu Lenir.
A coordenadora do Chame também explicou que a sociedade precisa conhecer e identificar os tipos de violência doméstica e familiar. “Não temos apenas a violência física. Temos a violência patrimonial, sexual, psicológica e moral. Esse problema das pessoas não saberem identificar os tipos de violência, é o que faz com que a sociedade não se empodere e a mulher não tenha coragem de notificar”, afirmou.
Público masculino
Lenir Rodrigues destacou ainda que em 2016, levará palestras para ambientes em que a predominância do público seja do sexo masculino. A intenção é prevenir e evitar casos de violência. Conforme a deputada, os comércios que tiverem interesse em abordar o assunto com os seus colaboradores, basta enviar um ofício para o Chame.
“Nós teremos uma equipe que vai se deslocar até a empresa, que deve disponibilizar, no máximo 40 minutos, antes de começar o trabalho para que possamos ministrar as palestras para os colaboradores desses comércios, para que se policiem antes que eles cometam um crime na Lei Maria da Penha”, disse a parlamentar.
Para Lenir, será possível a diminuir da violência, criando harmonização nas famílias. “E o Chame faz isso também. Quando um casal está em “pé de guerra”, às vezes, o que precisa é de uma orientação da assistente social, psicóloga e da advogada para que as pessoas entrem em paz social. Se a família vai com paz, esse índices de violência também vão, naturalmente, diminuir para toda a nossa sociedade”, acredita.