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Corpos humanos

Ossadas e corpos são embalados e deixados no chão do IML.


Corpos e ossadas apodrecidos no IML

Emily Costa
Do G1 RR

A falta de estrutura e de rede elétrica apropriada fazem com que corpos em decomposição sejam embalados com lona plástica e deixados no chão do Instituto Médico Legal (IML) de Roraima. O caso foi descoberto nesta quinta-feira (19) durante uma fiscalização do Ministério Público do Estado (MPRR).
O instituto fica no bairro Liberdade, zona Oeste de Boa Vista, e é o único do estado. Segundo o MPRR, nesta quinta-feira havia pelo menos oito cadáveres em estado de decomposição armazenados de forma 'totalmente irregular e insalubre para os servidores'.

Ossadas também foram achadas durante a inspeção que flagrou câmaras próprias para o armazenamento de corpos desligadas porque, conforme o próprio IML, a rede elétrica do prédio não suporta.
Além das instalações e da falta de estrutura, o MPRR também critica a localização do IML, que fica nas proximidades de uma área residencial, onde existem lanchonetes, restaurantes e uma escola.
Para Jeane Sampaio, titular da Promotoria de Saúde, a atual situação do prédio revela que o IML tem tentando 'enganar o judiciário'. Ela afirmou que uma ação que determina melhores condições na unidade tramita na Justiça há pelo menos três anos, mas ainda não obteve nenhuma decisão favorável.
"Essas câmaras, por exemplo, foram compradas pelo IML para resolver o problema, mas não chegaram a ser ligadas e efetivamente usadas. Então, infelizmente está havendo omissão do estado, que segue mantendo o instituto no meio' da cidade e tomando medidas que ainda atrasam o trâmite da ação judicial", disse.
De acordo com a promotora, as autoridades responsáveis pela unidade e pela Vigilância Sanitária foram acionadas e devem ir ao IML para resolver os problemas denunciados. "Sugerimos a mudança para uma região mais afastada, mas como isso não foi feito queremos que pelo menos os problemas sejam mitigados. Mudanças precisam ser feitas com urgência", afirmou.
Conforme Carlos Paixão, que responde pela Promotoria de Execução Penal, a situação do IML também põe em risco a vida dos servidores da unidade. "As mazelas são grandes, até porque isso [problema no IML] ocorre há anos e só é 'empurrado' de gestor para gestor. Enquanto isso, vizinhos do prédio e principalmente os funcionários que suportam essa desgraça total, até porque isso aqui, com todo esse fedor, não é lugar para ninguém trabalhar", declarou.

IML admite problemas

À imprensa, o diretor do IML, Francisco Ferreira, disse que cadáveres estão no instituto porque ainda não foram reclamados por familiares. Dos oito encontrados na unidade, dois teriam chegado já em estado de decomposição, segundo ele.
"Foi feita a tentativa de identificar, mas isso não foi possível. Então, estamos aguardando outros exames para tentar fazer a identificação deles e assim liberá-los para os familiares", disse, admitindo que o IML não tem estrutura para armazenar os corpos. "Atualmente, as câmaras não funcionam porque a rede elétrica não suporta".
O diretor do departamento de perícia criminal da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), Wellington Alencar, disse que os cadáveres em decomposição devem ser retirados do prédio dentro de alguns dias. "Além disso, é a primeira vez que um problema como esse ocorre desde que tomei posse no cargo, em maio deste ano", defendeu.
Sobre melhorias efetivas na unidade, Alencar afirmou que um estudo da rede elétrica do prédio foi feito e deve ser 'passado adiante' em breve. "Não podemos assumir um problema que vem de anos anteriores, mas estamos fazendo o possível para resolver a questão de forma definitiva", encerrou.

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