- 26 de novembro de 2024
PF autuou zeladora por furto
Emily Costa
Do G1 RR
O Ministério Público Federal (MPF) em Roraima informou nesta terça-feira (6) que vai investigar se houve abuso de autoridade no caso da zeladora autuada em flagrante por comer um chocolate que pertencia ao delegado corregedor da Polícia Federal no estado, Agostinho Cascardo. Por telefone, a assessoria de comunicação da PF informou que por enquanto não irá se manifestar sobre o caso.
Segundo nota do MPF, a autuação da zeladora, de 32 anos, ainda não foi oficialmente comunicada à procuradoria, mas "tão logo tome conhecimento do fato, o órgão, na qualidade de titular da ação penal e responsável pelo controle externo da atividade policial, analisará o caso em todos os seus aspectos, inclusive no tocante a possível abuso de autoridade".
A assessoria de comunicação da Polícia Federal em Roraima admitiu no domingo (5) que a mulher foi autuada em flagrante por furto na quarta-feira (30) e o caso enviado ao MPF.
A zeladora comeu o chocolate enquanto fazia a limpeza da sala do delegado. Ela disse ao G1, que no momento em que pegou o bombom 'não pensou que ele faria questão' do doce.
"Estava limpando a sala dele e tinha uma caixinha cheia de bombons sobre a mesa. Peguei um e pensei comigo mesma: depois falo para ele, porque não vai 'fazer questão' de um bombom. Comi o chocolate na sala. Terminei a limpeza e saí. Não sei porque comi. Não tenho o costume de pegar 'coisas' dos outros, nunca mexi em nada. Não é porque uma pessoa é de uma família pobre que ela vai sair pegando as coisas dos outros", relata.
Em seguida, ela soube que foi flagrada por uma câmera que foi instalada na sala dele e admitiu, em depoimento, ter comido o bombom.
"Me ofereci para pagar o chocolate, mas o delegado disse que não era essa a questão. Ele disse que assim como eu tinha pegado o bombom, poderia ter sido um documento. Jamais pegaria", sustenta a zeladora que ainda não tem advogado.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Roraima (OAB-RR), Jorge Fraxe, repudiou a atitude do delegado e defendeu que ele agiu de forma 'desproporcional'.
"Se ele [delegado] tivesse se sentido lesado, a apuração teria de ser feita no âmbito da Polícia Civil, porque a zeladora não é servidora da Polícia Federal e não tem foro especial. Agora, ele usar a estrutura da PF, que serve para investigar desvios de condutas da própria instituição, contra essa moça é um absurdo, é desproporcional e desnecessário", avalia.
Por telefone, a assessoria de comunicação informou que o caso será enviado para a Divisão da PF em Brasília. "Se eles decidirem que ficará sob a nossa responsabilidade aqui em Roraima, será divulgada nota", ressalta.