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Linhão de Tucuruí

Roraima precisa de apoio para ter energia


Em reunião com os índios Waimiri-Atroari, nesta quinta-feira, dia 1°, a governadora Suely Campos pediu que eles apoiem a construção do Linhão de Tucuruí, entre Manaus (AM) e Boa Vista.

A oitiva dos indígenas é uma exigência legal, mas ainda não havia sido feita pelos órgãos do governo federal responsáveis pela obra, que deveria ter sido inaugurada este ano. Os índios não aceitam a linha, alegando mais impactos ambientais e à sua sobrevivência e pedem que o linhão seja desviado da terra indígena.

“Peço que vocês ajudem Roraima. Somos o único estado que não está integrado ao Sistema Interligado Nacional e precisamos de energia para promover o desenvolvimento econômico e social. Mais de 50% do nosso PIB vem dos cofres públicos e não podemos continuar assim”, defendeu.

A governadora explicou aos indígenas que vieram das 32 comunidades da terra indígena Waimiri-Atroari toda a crise energética vivida em Roraima. Conforme ela, a Venezuela fornece apenas 95 megawatts de energia, quantidade insuficiente para atender a demanda local, que chega a 180 megawatts em horário de pico. “Por causa disso, a Eletrobrás implantou três usinas termelétricas, que são caras e poluentes”, ponderou, ao esclarecer que o custo desse parque térmico chega a R$ 720 milhões ao ano.

Suely Campos destacou ainda o fato de Roraima ter 46% do seu território comprometido por terras indígenas, e ter a segunda maior população indígena do país, que vive em 32 áreas demarcadas e homologadas.

“Convivemos muito de perto com as questões indígenas. Fiquei maravilhada de ver o que vocês já alcançaram de conquistas e benefícios para este povo. Quisera eu que as outras terras indígenas tivessem esse patamar de desenvolvimento e de qualidade de vida”, comentou.

Os Waimiri-Atroari têm sistema próprio de saúde e de educação. As malocas têm internet de alta velocidade e energia solar, tudo custeado pelo Programa Waimiri-Atroari, que recebe recursos da Eletronorte em compensação pelos danos ambientais causados pela Usina Hidrelétrica de Balbina.

Ela afirmou que Roraima precisa de energia para crescer . “Não podemos mais ficar todo mês esperando dinheiro do governo federal. Temos que ter energia para produzir e para iluminar a casa das pessoas. Essa energia de Tucuruí também vai atender as comunidades indígenas que hoje sofrem com o fornecimento através de pequenos geradores que nem funcionam 24 horas”, observou.

A chefe do Executivo defendeu que a obra seja feita na faixa de servidão da BR-174, cruzando a terra indígena. “Se a linha de transmissão passar pela BR-174, vocês terão controle da obra e ainda poderão ter compensação financeira para continuar com os projetos para atender a população que está crescendo”, argumentou.

Suely Campos ponderou, contudo, que as falhas na condução do processo, como a falta dessa oitiva dos indígenas, devem ser corrigidas. “Quero me colocar como a governadora que precisa de energia para desenvolver seu Estado, mas também como a governadora que está aqui para dialogar e buscar o consenso em torno de um projeto que possa ser executado com o menor impacto possível na vida de vocês”, disse.

RECEPTIVIDADE 

A governadora Suely Campos foi recebida com danças e cumprimentos. O líder dos Waimiri-Atroari, Mário Parywe, disse que esta foi a primeira vez que um governante de Roraima visitou a terra indígena.

“Sinto-me privilegiada em estar aqui e poder dialogar com vocês sobre essa questão. Quero agradecer a cada um de vocês, que me recebem num momento ímpar da minha vida. Jamais esquecerei essa experiência”, concluiu.

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