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Saúde indígena

Índios do Amazonas ganham cartilha para prevenir Aids e outras doenças.


Cartilha contra a Aids

A publicação trata do tema sob a perspectiva da cultura indígena, é dirigida a crianças e adolescentes em idade escolar e será utilizada em escolas e serviços de saúde. Ela foi elaborada pelos próprios índios e traduzida para o português. Entre as recomendações estão não beber nem levar bebida alcoólica para a aldeia, respeitar, resguardar-se e não ter relações sexuais quando beber Ramih (uma bebida típica indígena), além de não aceitar estrangeiros (peruanos ou brasileiros) e outros desconhecidos nas aldeias.

Segundo a oficial de Educação da Unesco no Brasil Mariana Braga, a cartilha levou um ano e meio para ficar pronta e foi construída com base em diálogos com os kanamaris, para que tivesse um recorte cultural da própria etnia. "Isso é o que torna a cartilha diferente de todos os materiais produzidos para a população indígena, foi produzido por eles".

A série foi elaborada com base em informações coletadas em oficinas de prevenção realizadas no Vale do Javari, que fica próximo à fronteira do Brasil com a Colômbia e o Peru, com a participação de antropólogos, professores, agentes indígenas de saúde, pajés, curandeiros, parteiros e lideranças de diferentes povos da região.

Mariana conta que existem na cartilha recomendações como não comprar aparelho de som, pois para os kanamaris isso é uma ameaça à própria cultura. "Foi uma recomendação do povo kanamari para prevenção. Não posso dizer até que ponto isso está influenciando, mas o que eles querem é que isso não corra. Então sugerem que as escolas trabalhem a questão da valorização da cultura local e o não uso e a não valorização de culturas brancas."

A cartilha Falando sobre Prevenção às DST/Aids e Hepatites Virais -- Kanamari é a quarta da Série Javari, uma coleção elaborada pela Unesco e pelo Unaids, em parceria com o Ministério da Saúde e a Fundação Nacional do Índio. Mais três volumes da série foram dirigidos aos índios matis, mayorunas (Matsés) e marubos e estão disponíveis no site da Unesco no Brasil.

Segundo Mariana, a Unesco, juntamente com o Ministério da Saúde, já relacionou um grupo de dez etnias que são mais acometidas pelo HIV, pelas hepatites e pelo uso de álcool, para a construção de cartilhas semelhantes. "Nós temos essa lista pronta e vamos atrás de financiamentos, recursos e parceiros para nos apoiar nessa iniciativa", disse ao acrescentar que nem todas as etnias listadas são da Amazônia. (Agência Brasil)

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