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Mesa Redonda

Alunos debatem a evolução da cidade de Boa Vista.


Sesc debate sobre Boa Vista

Nesta terça-feira, 28 de julho, os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, do Centro de Educação Sesc em Roraima, realizaram uma mesa redonda, onde discutiram sobre a formação de Boa Vista. Temas como formação dos bairros, expansão territorial, emigrantes, criação dos municípios, mudanças culturais e o movimento garimpeiro fizeram parte dos debates. 
O evento contou com a presença do presidente do Sesc, Airton Dias, e debatedores convidados como Maria Mirna Solto Maior Sara, Francisco Roberto do Nascimento e José Domingos, que explanaram sobre o tema.
Entre as palavras do presidente do Sesc, Airton Dias, estava seu relato de como chegou ao estado, o que fez inicialmente e o que acompanhou. Para ele a cidade tem hoje um percentual enorme de pessoas formadas ou cursando o ensino superior. Disse ainda ser confiante de que muita coisa está por vir para desenvolver ainda mais a capital e interior.
"Vi muita coisa mudar, vi na pele os processos de expansão e formação do nosso Estado. Nossos debatedores terão um viés mais lúdico da história e com certeza contribuíram muito com tudo", afirmou o presidente.
Quando questionado por um aluno sobre o potencial do estado para possíveis investimentos, Airton Dias apontou três importantes áreas de serviços para que o estado edifique. 
"Tenho convicção de que o estado pode aplicar a educação como serviço, além de ser um fator preponderante para humano, é também um mercado de negócios em outros países. Outro aspecto que podíamos acreditar é na saúde, expandi-la para que seja referencial no país. Além destes dois, o turismo. Podemos utilizar as diversas formas de turismo que temos: de aventura, de paisagem, fauna e flora, pesca esportiva e etc. A possibilidade de Roraima crescer está na área de serviços", concluiu.
Saymon Gabriel Silva Santos participou e relatou o que absorveu: "Aprendi um pouco do início do crescimento do Estado, de como viviam as famílias, qual era a diversão, afinal, naquela época não tinha nada do que temos hoje. Gostei muito da forma de mesa redonda, porque juntos nós alunos discutimos a cultura e história do nosso Estado. Não são todos que tentam estudar e pesquisar a história de Roraima, então nessa dinâmica, conversando, aprendemos mais".
A debatedora Maria Mirna Souto Maior Sara relatou que ao receber o convite para o encontro com os alunos, nem pensou em recusar por acreditar na importância e significância que o assunto possui para ela e para os demais alunos.
"Me orgulho em ser roraimense, ter uma família cheia de professores que aqui fizeram muito, e em ser professora contribuinte no desenvolvimento. Nasci aqui quando éramos ainda um município do Amazonas. Tínhamos liberdade, não existia carro, rádio, TV, nem casas de tijolo. Minha casa era de barro, taipa, coberta de palha", conta. 
Mirna relembrou a maneira de como se divertiam: "Pela falta de entretenimento, nós criávamos nossas próprias brincadeiras. Lembro que em frente à minha casa, havia um carro de boi, nele todas as crianças da minha rua brincávamos como se fosse um palco de teatro. Pegávamos lençóis e fazíamos a nossa diversão ali", relembra Mirna. 
Já José Domingos, professor do Sesc e também debatedor, veio do Maranhão para Roraima em 1986. "Cheguei aqui na leva dos maranhenses em busca de sanar a fome que assolava a todos. Quando cheguei, ganhamos um lote na vicinal 26. Eram 53km que fazíamos de bicicleta todos os dias para estudar. No inverno tudo alagava, não era nada fácil estudar e tocar a vida pra frente. Enquanto estudava no ensino médio consegui um emprego na prefeitura de São João da Baliza. Me lembro direitinho que meu salário era de R$ 64, o salário mínimo daquela época. Minha maior felicidade, primeiro emprego", relatou. 
José contou que em 1994, uma colega lhe incentivou a estudar e se dedicar a profissão de lecionar. Inicialmente José desacreditou na oportunidade que teria nessa área, porém estudou, cursou nos campos de extensão da Universidade Federal no interior do estado.
"Em seguida, entrei no primeiro concurso que o Estado fez. Aprovado, passei a ser professor. De professor fui para supervisor, depois diretor. Minha filha hoje com seis anos, já lê tudo. Eu com 11 anos comecei a 1° série. Tinha uma madrasta que me dava aulas em casa, senão, nem meu nome eu saberia. Tudo dependeu da minha dedicação", contou José. 
Francisco Roberto do Nascimento também foi convidado para compor a mesa de debatedores. Segundo ele, a semente da educação plantada foi pelo professor Diomedes de Solto Maior, avô de Mirna. "Diomedes foi o primeiro professor a trazer conhecimento, graças a ele, estamos aqui agora. Minha mãe era indígena, interna de São Marcos. Fui então criado pela família Souto Maior, responsáveis pela educação inicial do estado", afirmou Francisco. 
Destacou ainda que seu pai levou o primeiro veículo automotivo para a região de Surumú. A comunicação em todo Estado era através de telégrafo. Por 15 anos jogou no time do Baré, destaque no Estado naquele período. Jogou ao lado de grandes jogadores nacionais. Tem grandes lembranças, por 29 anos trabalhou no Banco do Brasil, foi prefeito no município de Pacaraima, secretário do Índio, dentre outras atividades exercidas. 
"Quero louvar a iniciativa desta mesa redonda. Me proponho em sempre voltar para contar outras histórias e assim dar a minha contribuição. Muitos são os monumentos que temos, porém poucos conhecem. A origem dos locais, os marcos daquela época. Vale a pena uma mesa redonda sobre isso", concluiu Francisco.
Ana Paula Almeida Santos, aluna da turma 140 C também parabenizou  a iniciativa. "É para o nosso conhecimento, gostei muito. Acredito que debates assim, além de interessantes, são fundamentais para conhecer a nossa própria história".

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