- 29 de outubro de 2024
Primata encontrado no Amazonas
Camila Henriques e Eliena Monteiro
Do G1 AM
Um novo primata da espécie "zogue-zogue" foi encontrado por pesquisadores no Sul do Amazonas. Apelidado de "Rabo de Fogo" por ter a cauda em tons avermelhados, o animal foi achado entre os rios Roosevelt e Aripuanã. Espécimes já haviam sido localizadas antes no Mato Grosso. O estudo, que teve início em 2011, já está disponível em uma publicação da Universidade do Estado de São Paulo (USP) e agora os pesquisadores investigam se a espécie está ameaçada de extinção.
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Ao G1, o pesquisador Felipe Ennes, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, contou que o animal foi avistado pela primeira vez na região entre o Roosevelt e o Aripuanã. "O que chama atenção no zogue-zogue é que os rios servem de barreira para a distribuição. No caso dessa espécie, a gente já conhecia os animais da direita e da esquerda dos rios. Essa foi vista entre os dois", comentou.
O nome "Rabo de Fogo" foi dado inicialmente pela cor avermelhada da cauda, característica que chamou atenção dos pesquisadores logo de cara. Depois, o animal foi renomeado como Callicebus miltoni. "Esse nome é uma homenagem ao doutor Milton Thiago de Melo, que foi uma pessoa que fez muito pela pesquisa de animais no país", explicou o pesquisador.
Além de Felipe, que trabalha nos estudos do animal no Amazonas, outros dois pesquisadores também analisam o "Rabo de Fogo": o biólogo Júlio César Dalponte, do Instituto para a Conservação dos Carnívoros Neotropicais, e o coordenador de Zoologia do Museu Paraense Emílio Goeldi, José de Souza e Silva, que fez a taxonomia da espécie.
No momento, o grupo ainda está trabalhando na classificação e nos estudos de diversidade da espécie, para depois conseguir informações sobre o número de primatas "Rabo de Fogo"’ no Amazonas. Além disso, os pesquisadores analisam se o animal corre risco de ser extinto.
Segundo informações do instituto Mamirauá, o primata foi encontrado em uma área de desmatamento ocasionada pelo avanço da agropecuária. "Temos que saber primeiro o que tem lá. Depois, passamos para estudos referentes à quando essa espécie ocorre. A última questão é o quantitativo e qual a representatividade dessa espécie. Sabemos apenas que 50% da distribuição do animal é em unidades de conservação dessa região", adianta.
Ao G1, o curador do Museu de Zoologia da USP, Mario de Vivo, comentou a descoberta da nova espécie. O animal está descrito na revista do museu. "Na minha opinião trata-se realmente de uma nova espécie, diferente das demais que já eram conhecidas para esse gênero Callicebus. Essa nova descoberta só reforça a noção que nós, zoólogos, temos de que existe ainda um conjunto considerável de espécies que são desconhecidas dos cientistas", finaliza.