- 29 de outubro de 2024
As ações para um combate qualificado à criminalidade, em virtude das últimas atuações de facções criminosas em Boa Vista, foram divulgadas na manhã desta terça-feira, 30, pelo secretário de Segurança Pública e delegado geral de Polícia, Eduardo Henrique Batista, o comandante da Polícia Militar, coronel Dagoberto Gonçalves e o diretor de Polícia Judiciária da Capital (DPJC), Adriano Santos. Dentre as medidas adotadas está o isolamento e maior fiscalização a um dos principais acusados de ser o mandante a ataques a ônibus em Boa Vista, Waldinei Alencar Souza, vulgo "Vida Louca", que se encontra preso na Cadeia Pública de Boa Vista. Vida Louca é apontado como sendo o chefe do Comando Vermelho em Roraima.
Eduardo Henrique Batista destacou que os representantes do Sistema de Segurança Pública de Roraima estiveram reunidos para traçar um planejamento mais eficaz de combate aos incidentes que ocorreram nos dias 25 e 28 deste mês, quando dois ônibus de transporte coletivo foram incendiados.
"Antes do primeiro incidente, foram efetuados mandados de busca e apreensão que resultaram em três prisões por tráfico de drogas de pessoas ligadas a essa facção. A Polícia está atuando firme, sendo a Polícia Civil, com as investigações, e, a exemplo da resposta dada ao caso dos veículos da Prefeitura de Boa Vista, esses incidentes também terão uma resposta a altura. Com relação ao policiamento ostensivo e preventivo diversas ações foram planejadas e desencadeadas, pela Polícia Militar, principalmente para levar a segurança no evento do Parque Anauá, durante a virada do ano", disse.
Segundo o comandante da PM, as ações de policiamento ostensivo vêm ocorrendo com inteligência e informações compartilhadas com a Polícia Civil e outros órgãos como Divisão de Captura (Dicap) da Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejuc).
Uma das linhas de ações das Polícias, segundo o comandante, conduzem ao Sistema Prisional e há todo um desdobramento das forças policiais para fazer frente a essa onda de ameaças.
O comandante disse que os representantes do Sistema de Segurança participaram de uma reunião com a empresa de transporte coletivo que teve os ônibus incendiados e garantiu um policiamento mais intenso, principalmente nas rotas dos ônibus, inclusive com escoltas.
"Os funcionários da empresa, os motoristas que trabalham nas linhas de ônibus e, também, a população que usa, ficaram mais apreensivos. Mas, os órgãos de segurança do Governo do Estado estão trabalhando para levar mais segurança, foi redirecionado grande parte do policiamento tanto da PM quanto da Polícia Civil e das viaturas para fazer a escolta aos ônibus das linhas, até que se resolva essa situação e se prenda os infratores", disse.
O comandante fez um alerta às pessoas para que evitem compartilhar informações que não sejam oficiais e, também, mensagens de criminosos que têm o único intuito de causar medo na sociedade.
"A sociedade é de suma importância nesse contexto. É dever do cidadão contribuir para um ambiente de paz e, espalhar boatos nas mídias sociais podem causar pânico nas pessoas. A exemplo, um boato de um incêndio em um ônibus da Justiça e um ataque a uma equipe do SAMU. O cidadão pode contribuir com informações, mas que nos levem à prisão desses infratores", disse.
Gonçalves disse que, para esses atentados, os criminosos usaram gasolina, comprada em carotes, em postos de combustíveis e as empresas estão sendo contatadas.
"A Policia Civil deve estreitar a investigação nesse sentido. Mas, a população pode nos ajudar com informações de atitudes suspeitas de indivíduos rodando prédio publico, em paradas de ônibus, em final de linha. Tudo será averiguado e será de grande valia para chegar ao nome dessas pessoas", disse.
O secretário de Segurança observou também que alguns dos boatos disseminados na cidade com intuito de amedrontar o cidadão, estão sendo feitos de forma proposital, mas que nenhum deles estão sendo desconsiderados pela Policia, e, por serem inúmeros, dificultam as investigações.
"Constatamos que muitas mensagens estão partindo de determinados presos. Temos a individualização de autoria, algumas situações processuais estão sendo manejadas, com a solicitação de transferências desses presos daqui, inclusive em contato com o próprio Ministério Público. No caso especifico desse preso, apesar de não termos ainda a ordem para transferência dele, estamos trabalhando com relação ao seu isolamento de forma que ele não tenha acesso a comunicação externa", disse.
O comandante da PM destacou que há seis meses vêm sendo realizadas ações duras para combater a atuação de criminosos dentro e fora do Sistema prisional e que os ataques recentes são represálias a essas ações.
Ele pontuou que o Sistema Prisional carece de estrutura há mais de 10 anos e que a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo foi inaugurada no final da década de 80 e hoje comporta mais de um mil presos.
"Na Penitenciária tem mais de 15 guaritas e algumas delas não tem condições de uso. Foi criada uma força tarefa pelo Governo do Estado, mas depois dos últimos enfrentamentos, fortes, drásticos, com incêndios, rebeliões, o que já era precário, tornou-se pior", afirma.
Segundo Gonçalves, "todos" sabem que o problema principal é a estrutura, para que se possa organizar o sistema prisional em Roraima. Prioritariamente, disse, é necessário um local para colocar emergencialmente esses indivíduos, criminosos profissionais.
"E não são os mil presos que estão lá dentro os autores dessas ameaças. São 20 ou 30 criminosos. É preciso tirar esses indivíduos, apresentar à Justiça para que autorizem colocar nesse local emergencial para que eles passem por sansões e parem de tumultuar o sistema, de fazer essas ameaças", assegurou.
Gonçalves enalteceu a participação de 30 homens da Força Nacional em Roraima e que estão atuando diretamente no Sistema Prisional de Roraima. Principalmente, disse, em relação às entradas e saídas de dentro da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, juntamente com a Polícia Militar.
"Eles têm essa experiência devido aos trabalhos que já realizam em outros estados. São técnicas policiais importantes e que têm agregado ao trabalho que desenvolvemos. Para revezar, precisamos treinar novos policiais para fazer essa entrada, que é de alto risco. Imagine, entrar todo dia no sistema prisional, onde tem mil presos, sem visita, sem banho de sol para levar a hospital, audiência, médico, etc, com um grupo de 10 ou 12 policiais, não é algo muito simples de fazer. Por isso a força nacional vem agregar com a gente e precisamos do apoio desses profissionais", disse.
Eduardo Henrique Batista informou que o Governo de Roraima encaminhou pedido ao Ministério da Justiça para renovar o acordo de cooperação técnica com a Força Nacional em Roraima por mais 90 dias, a partir do dia 1º de janeiro.