- 29 de outubro de 2024
O ex-governador de Roraima José de Anchieta Júnior (PSDB) declarou nesta sexta-feira (12), por meio de assessoria de comunicação, que 'repudia' quaisquer ilegalidades em contratos com a empresa americana Dallas Airmotive. Na quinta-feira (11), a empresa, que presta serviços de manutenção em aeronaves, admitiu à Justiça dos Estados Unidos ter pagado propina a dois oficiais da Força Aérea Brasileira (FAB) e a um funcionário do gabinete do ex-governador para ser privilegiada em contratos.
"O ex-governador vem a público afirmar que repudia qualquer postura dessa natureza e que vai apurar todos os fatos. Faz questão de reiterar que está à disposição de todos os órgãos envolvidos para qualquer tipo de esclarecimento", informou por meio da assessoria, acrescentando que caso seja comprovado o envolvimento de servidores públicos no esquema, "eles serão punidos com os rigores da Lei".
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A assessoria admitiu ter contratado a Dallas Airmotive para fazer manutenção das turbinas da aeronave Lear Jet 55, de propriedade do governo de Roraima. "Foi aberta concorrência pública de alcance internacional para eleger a empresa", pontuou.
Atual governo
Por meio de nota, a assessoria de comunicação do atual governador de Roraima, Chico Rodrigues (PSB), comunicou que 'desconhece atos de corrupção cometido por servidores do atual governo com relação aos contratos com a Dallas'. Rodrigues, que foi vice de Anchieta Júnior, assumiu o governo em abril deste ano.
"O governo do estado informa ainda que atualmente não mantém qualquer tipo de contrato com a empresa Dallas Airmotive e, ao mesmo tempo, diz que não pode responder por atos e contratos praticados em gestões passadas", encerra a nota.
Entenda o caso
Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a Dallas Airmotive detalhou que, entre 2008 e 2012, subornou funcionários da FAB e do gabinete do governo estadual de Roraima, na época sob administração de José de Anchieta Júnior. Veja aqui a íntegra do documento, em inglês.
Entre os mecanismos usados pela empresa para o pagamento da propina, estavam acordos com empresas de fachada, pagamentos a terceiros e oferecimento de presentes aos funcionários, como pagamento de viagens de férias, diz o comunicado, que não cita os nomes dos envolvidos .
Um comunicado do Departamento de Justiça dos EUA publicado nesta quarta-feira (10) informa que a Dallas pagará US$ 14 milhões de sanção penal por descumprir a lei que pune empresas do país que praticam corrupção no exterior.
O processo apresenta também trocas de e-mails que teriam indícios de pagamento de propinas. Em um deles, um dos militares escreve a um agente de vendas da empresa americana. "Envio as informações da companhia, não se preocupe. A companhia aqui no Rio mostra o meu nome como sócio e por isso eu não poderia fazer negócios com você, o TCU [Tribunal de Contas da União] não permite (risos)", diz a mensagem eletrônica.