- 01 de novembro de 2024
Os sabores de Roraima na mesa
Destacar os sabores característicos de um Estado que é considerado um verdadeiro caldeirão cultural. Esse é o objetivo do Festival Gastronômico promovido pelo Sebrae Roraima. O evento que chega a sua terceira edição, proporciona ao público contato com restaurantes locais, empresas ligadas ao ramo de alimentação, empreendedores do agronegócio além de chefs renomados que comandam as cozinhas shows, palestras e oficinas.
Nesta edição, que será realizada no Parque Anauá, no período de 20 a 23 de novembro, o Sebrae contará com uma grande estrutura para atender a um público estimado em 12 mil pessoas.“Nosso objetivo é buscar a identidade cultural gastronômica de Roraima, revelando os sabores que são característicos da nossa terra e apresentando o segmento de alimentação fora do lar como um importante atrativo turístico”, explicou a Superintende do Sebrae em Roraima, Luciana Surita.
Segundo a Superintendente, o setor de alimentação também é responsável por movimentar uma cadeia econômica importante para Roraima. “Estamos acompanhando o crescimento desse setor com a chegada de novos empreendimentos em nosso Estado. E isso é bastante positivo quando percebemos que bares, restaurantes e lanchonetes movimentam todo um conjunto de outros empreendimentos, como o agronegócio, empresas de capacitação, embalagens e maquinários, por exemplo”, afirmou Luciana.
Para conhecer essa cadeia produtiva, o Sebrae irá transformar o Parque Anauá em um centro de convivência, troca de informações e exposição de produtos e serviços. O público em geral terá a oportunidade de conhecer o cardápio de 12 empresas que farão parte da Praça de Alimentação e mais seis pequenos negócios de microempreendedores individuais.
De acordo com a coordenadora da Unidade de Projetos Estratégicos do Sebrae Roraima, Kátia Veskesky, todas as empresas irão incluir no seu cardápio pratos com características regionais, contribuindo para a difusão dos sabores roraimenses.
Peixe, feijão verde, banana, nata e a carne de sol são ingredientes que ganharam destaque neste Festival. “A Praça de Alimentação é um dos grandes atrativos do Festival e o local que funciona como uma vitrine de exposição para o cardápio de restaurantes e lanchonetes do nosso Estado. Este ano, cada empresa participante incluiu no seu menu de opções um prato que resgata uma característica local. Teremos desde pastel com carne de sol e banana até uma caldeirada de peixe macuxi”, disse.
Aprender é uma delícia
Para aqueles que desejam aprofundar seus conhecimentos na arte da culinária, que já são empresários do ramo ou que pensam em investir neste setor, o Sebrae preparou toda uma programação especial de oficinas, palestras e cozinhas shows.
Ao todos serão quatro cozinhas shows conduzidas pelos chefs Guga Rocha, William Katô, Felipe Schedeler e a roraimense Kalú Brasil, autora do prato vencedor do Festival Pirarucu da Amazônia, realizado este ano em Manaus. “Fico sempre muito empolgada com a realização de festivais porque eles nos dão a oportunidade de mostrar o que temos de melhor tanto na nossa gastronomia quanto na variedade de produtos da nossa região”, afirmou a chef.
Sobre o Festival Gastronômico promovido pelo Sebrae, ela destaca como um ambiente propício para a divulgação dos sabores roraimenses. “Precisamos dar incentivos aos cozinheiros para que eles se aprimorem e desenvolvam novas receitas, valorizando a culinária regional. Quando recebemos um turista, ele quer conhecer, experimentar coisa diferentes e a comida regional se torna uma descoberta”, disse.
Além das cozinhas shows, outra opção para os amantes da culinária são as oficinas. Este ano, o Sebrae ofertará quatro oficinas, com 50 vagas cada e duração de 1h30. Entres os temas apresentados estão o fortalecimento dos produtos turísticos através da gastronomia, experiências sensoriais com tapiocas recheadas e técnicas de apresentação dos pratos.
O Sebrae também organizou uma programação de palestras que serão ministradas na sala temática. Cada encontro terá duração de 1 hora e a sala possui capacidade para atender até 30 participantes que poderão aprofundar conhecimentos em temas como a confecção e o processo de cura da carne de sol, alimentação para crianças, reaproveitamento de resíduos na cozinha, legislação trabalhista, oportunidades de franquias, como melhorar o lucro na produção e manipulação de alimentos, entre outros.
“É uma gama de informações que ajudará nossos empresários a melhorarem a gestão do seus negócios e a qualidade dos seus produtos. É também um momento importante de aquisição de conhecimentos para aqueles que desejam investir neste setor”, afirmou Kátia Veskesky.
As inscrições para as cozinhas shows e para as oficinas custam R$ 30. Para as palestras, investimento é de R$ 20. Os interessados em participar podem obter informações por meio do canal de atendimento do Sebrae Roraima, no telefone 0800 570 800.
Um espaço recheado de opções
O Festival conta ainda com o Espaço do Agronegócio difundindo a produção local como alternativa para abastecimento das empresas de alimentação fora do lar. Ao todo, serão oito estandes com destaque para produtos que funciona como matéria prima para os principais pratos comercializados no mercado local.
Outro atrativo do evento é o Espaço de Oportunidade com seis estandes ocupados por empresas que fornecem desde maquinários a serviços úteis ao setor de alimentação. O Sebrae destinou ainda o espaço para os parceiros institucionais com sete estandes.
Quem for ao Festival também irá desfrutar do melhor da música regional, com a participação de artistas de renome nacional como Euterpe, Eliakin Rufino e Elias Moreira que participou da segunda edição do The Voice Brasil.
Comida também é cultura
A carne de sol é um dos ingredientes que está presente na maioria dos pratos produzidos para esta edição do Festival Gastronômico. De origem nordestina, a iguaria conquistou espaço na cultura nortista por influencia dos muitos migrantes que iniciaram a ocupaçãodo extremo norte do País.
O poeta e cantor Eliakin Rufino traduziu a relação entre a cultura roraimense e nordestinas nos versos ‘quem é filho do Norte é neto do Nordeste’. Uma interação que se aplica também aos hábitos alimentares.
Por isso, a carne de sol ganhou destaque na gastronomia roraimense. Aqui, o ingrediente que já era adicionado à farinha em outras regiões para dar origem à paçoca, é complementado com a banana, produzida no próprio Estado. A carne de sol assada também é consumida acompanhada do baião e da macaxeira cozida. Feijão, arroz e macaxeira são amplamente cultivados em Roraima.
A origem do produto ainda não é definida. Alguns estudiosos acreditam que este hábito surgiu ainda na pré-história. Outros atribuem aos egípcios a invenção da técnica de conservar a carne utilizando o sal.
Os portugueses, que colonizaram o Brasil, também são apresentados como os difusores desse método por praticarem a secagem de peixes de forma semelhante ao que é feito até hoje em algumas regiões brasileiras.
A carne de sol é um produto tradicional de produção artesanal. Sua fabricação consiste em submeter a carne bovina a um leve processo de desidratação e salga. Apesar do nome, ela é raramente exposta ao sol no processo de desidratação. Na maioria dos casos, a carne é deixada em locais cobertos e bem ventilados, permitindo uma secagem gradual e controlada. O processo é rápido e o interior da carne fica úmido e macio.