- 01 de novembro de 2024
Transmissor já prolifera
A capacitação em vigilância de ambientes da febre maculosa – doença transmitida pelo carrapato-estrela - termina com análise de 300 espécies de carrapatos capturados durante a semana. Mais de 20 técnicos das Vigilâncias do Município e do Estado estiveram na manhã desta sexta-feira, dia 17, no laboratório do Centro de Zoonoses, bairro Centenário, trabalhando na identificação dos tipos de espécies e presença ou não de bactéria (riquétsias). O encerramento da atividade será ao meio-dia, só então saberá o resultado das análises.
O pesquisador da Fio Cruz/ Rio de Janeiro e palestrante, Serra Freire, foi o responsável por ensinar aos técnicos a maneira de reconhecer as características morfofisiológicas e investigar ambientes com riquetsioses. Foram coletadas amostras em roedores, cachorros, sapos, entre outros. No Brasil, carrapatos da espécie Amblyomma cajennense (carrapato-estrela) são os principais transmissores. Entretanto, outras espécies de carrapatos devem ser consideradas como potenciais transmissores da doença.
O carrapato-estrela tem como hospedeiros preferidos os cavalos, mas pode também parasitar em bovinos, animais domésticos e animais silvestres. A espécie é comum no Brasil. Febre Maculosa ou "febre do carrapato" tem cura, mas dizer ao médico que foi picado por carrapato é o mais importante. O tratamento precoce é essencial para evitar formas mais graves da doença.
O gerente do Núcleo Estadual de Controle de Zoonoses, Márcio Borges, reconheceu a semana intensa que foi, pois a cada dia uma atividade diferente. “Tivemos aula prática no Bosque dos Papagaios, onde foram encontrados carrapatos, mas em quantidade que não oferece risco aos usuários do Bosque. As amostras coletadas serão enviadas a laboratório para pesquisa, se estão ou não infectados com riquétsia”, explicou, acrescentando que estiveram em uma propriedade particular, no bairro Paraviana.
Borges reforçou que Roraima, como também os demais estados da região Norte, não registrou nenhum caso da febre maculosa. E para continuar com zero de notificação, a investigação ocorrerá dentro de cada programa de vigilância. “Quando houver alguma ação envolvendo animais nos Núcleos de Controle, será coletado também carrapatos para a identificação. Dessa forma será fortalecido a rede de vigilância no Estado”, explicou.
Ainda conforme o gerente, a sensibilização dos profissionais é para realmente implantar e implementar esta rede, tendo em vista que é um problema muito grave e muito sério, pois, se leva a óbito muito mais do que a dengue, não em quantidade, mas em transmissibilidade. “Estamos em contato direto com animais (cães, cavalos) e ouvimos constantemente, pessoas falarem que o cachorro está com carrapato, e que já fez de tudo e não resolve o problema, e o animal está dentro de nossa casa, e basta apenas um carrapato contaminado nos picar, que poderemos adoecer e morrer sem nem saber qual foi o diagnóstico, por falta de conhecimento da doença por parte dos médicos, pois, os sintomas se assemelham com alguns outros agravos a saúde que estão ocorrendo e nosso meio”, enfatizou.
CARACTERÍSTICAS
A Rickettsia é uma bactéria que sobrevive basicamente dentro das células dos carrapatos. Eles infestam animais domésticos como as galinhas, cavalos, bois, cachorros e porcos e também animais selvagens como os gambás, as capivaras, cachorros-do-mato, coelhos, tatus e cobras.
O carrapato infectado pica o hospedeiro e através de sua regurgitação inocula a bactéria na corrente sanguínea do animal ou, mais raramente, em feridas abertas. No homem, isso não é comum porque para que haja a infecção o carrapato tem que ficar aderido de 4 a 6 horas.
Todas as pessoas são susceptíveis à infecção as quais, depois de infectadas, adquirem imunidade, provavelmente para o resto da vida. Esta infecção não passa de uma pessoa doente para outra por contato físico nem contato com saliva, urina ou fezes. Sempre é necessária a picada do carrapato. Os casos são mais comuns nos meses de primavera e verão.
A pessoa infectada pode desenvolver sintomas de 2 a 14 dias após a picada, em média, uma semana. Estes sintomas podem praticamente não existir ou serem muito fracos, o que dificulta o diagnóstico. A mortalidade pode chegar até 20% dos casos diagnosticados.