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Saúde Mental

Caps III é destaque nacional


Dois trabalhos que relatam as experiências de atuação com pacientes do Centro de Atenção Psicossocial 24h (Caps III), que funciona na Unidade Integrada de Saúde Mental (Uisam), serão destaques durante o 4° Congresso Brasileiro de Saúde Mental. O evento que iniciou nessa quarta-feira, dia 4, encerra nesse domingo (7), na cidade de Manaus.

Por estarem desde outubro atuando no Caps III, sete concursados tiveram a iniciativa de mostrar a importância da atuação integrada realizada na unidade, em âmbito nacional. Esses profissionais se juntaram e inscreveram o trabalho de atuação, intitulado “O Despertar Para o Todo: a importância da equipe multiprofissional no Caps III de Boa Vista/RR”.

Outro trabalho que será apreciado pelos congressistas será o de quatro acadêmicas de Psicologia, das Faculdades Cathedral, que fazem estágio na unidade de saúde. O tema da abordagem “Diálogos entre a psicologia e a Saúde Mental”, visa contar as experiências de estágio no campo da psicologia junto aos pacientes atendidos.

A psicóloga da unidade, Cristiane Barbosa, esclareceu que os profissionais, desde psicólogo, pedagogo, educador físico, artesãos, assistente social, terapeuta ocupacional à equipe de saúde, atuam de forma multiprofissional, ou seja, um trabalho pautado na integralidade do tratamento da qual necessita os usuários. “O trabalho de um complementa o trabalho do outro colega. A partir disso, surgiu a ideia de partilhar com outros profissionais no congresso o trabalho executado em Boa Vista”, disse.

A apresentação será em uma roda de conversa, onde os integrantes do trabalho estarão distribuindo no evento folderes explicativos. O recurso utilizado no trabalho é envolver todas as áreas de conhecimentos, para facilitar a busca pela saúde do indivíduo, com atividades integradas, para evitar que profissionais realizam tarefas isoladas, ao invés de projetos.

A assistente social, Jucilene Sousa, conta que a meta é inserir o usuário novamente na sociedade. E colocar toda a equipe nesse mesmo olhar, tudo fica mais fácil. Segundo ela, de segunda a sexta-feira, nos turnos matutino e vespertino, são realizadas diversas oficinas terapêuticas monitoradas pela equipe multiprofissional. Além de atendimentos domiciliares e médicos de segunda a quinta-feira. “Importante frisar que somos portas abertas e funcionamos 24 horas. Temos sete usuários hospedados na unidade”, comentou.

São mais de 20 profissionais que atuam no Centro. Hoje, existe mais de 40 prontuários de pacientes. A equipe visita as casas dos pacientes que não comparecem as oficinas, para saber o que aconteceu e motivá-los a regressarem ao tratamento.

A terapeuta ocupacional, Magnólia Oliveira, ressaltou que a meta agora é firmar parceria com empresas privadas, no intuito da admissão dos pacientes em cursos profissionalizantes. “A ideia é que o paciente que saiu da crise e que tenha condições de retornar à sociedade possa ter aulas fora da unidade. Como uma espécie de alta, eles aos poucos irão sendo reintegrados e se desligando do Caps, e não dependentes a vida toda”, pontuou.

PSICOLOGIA

A explanação do segundo trabalho, sobre a psicologia utilizada com os pacientes, busca mostrar a proximidade da prática da teoria em sala de aula. Uma das autoras do artigo, Renilza Caldas, acadêmicas do 10° semestre de psicologia, confidenciou que o trabalho trouxe um novo olhar, no que consiste a função de um psicólogo.

A estudante conta que na unidade é feito o acolhimento, a primeira escuta especializada, algo antes de qualquer encaminhamento. “Pela psicologia que o paciente se insere na unidade e saem com outra visão em torno do trabalho desenvolvido no Caps”, mencionou.

EXPERIÊNCIAS EXITOSAS

Renilza ressaltou duas experiências marcantes durante o período de estágio. “Um paciente que tinha dificuldade em falar, além de ser muito retraído, e devido participar das oficinas e manter esse vínculo com a equipe, usuários, ele melhorou bastante e hoje já consegue se expressar”.

A estudante acredita que o trabalho de psicologia faz toda a diferença dentro da sociedade onde as pessoas são excluídas. Outro relato é de uma paciente sem família e que está hospedada no Caps. “Quando ainda estava perambulando pelas ruas, as pessoas a tratavam como perigosa. Ao chegar na unidade, ela veio sem muita comunicação, sem memória, porém hoje, ela já canta as músicas de infância. O que isso quer dizer: que a memória passada estar vindo à tona. Tudo isso é resultados das oficinas e da integralidade dos profissionais”, avaliou Renilza.

 

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