- 05 de novembro de 2024
Doenças na Venezuela preocupam
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), por meio do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS), apontam para a decretação de epidemia de Dengue em oito estados da Venezuela e a confirmação de 30 casos de Chikungunya. Por questões geográficas, o fato deixa o Estado de Roraima em condição de alerta.
De acordo o gerente do Núcleo Estadual de Controle de Febre Amarela e Dengue, Joel Lima, a Venezuela está muito próxima do Brasil, e é comum o trânsito de famílias roraimenses para o país vizinho, por questões turísticas, comerciais e outros motivos de viagem. “Por isso, essa realidade nos deixa na condição de alerta, já que não podemos descartar a possibilidade de transmissão das referidas doenças”, explicou
Lima explica que atualmente circulam na Venezuela os quatro sorotipos de Dengue.
“Por conta dessa realidade no país vizinho, não descartamos a possibilidade de reintrodução do vírus tipo 3 da Dengue em Roraima, uma vez que os últimos registros do vírus tipo 3 da dengue, foram em 2008, e de 2009 até o momento, nasceram mais de 53 mil crianças, e elas estão suscetíveis à contaminação pelo vírus tipo 3 (caso esse vírus seja reintroduzido em Roraima), além dos adultos que não foram infectados pelo dengue tipo 3, até 2008, quando foi registrada o fim de sua circulação. É importante dizer que cada vez que você pega um tipo do vírus, não pode mais ser infectado por ele. Ou seja, na vida, a pessoa só pode ter dengue quatro vezes. Quem já teve dengue pelo tipo 1, só pode ter novamente se for causada pelos tipos 2, 3 ou 4”, esclareceu.
Aliado a essa preocupação sobre a possibilidade de reintrodução do vírus tipo 3 em Roraima, a gerência estadual se preocupa ainda com a possibilidade de introdução do vírus Chikungunya, por conta dos 30 casos confirmados no país vizinho. “São pessoas que foram infectadas e adoeceram dentro do próprio país, ou seja, não se trata de casos importados. Por isso, com a proximidade com o país vizinho nos deixa em um estado de monitoramento”, complementou.
Diante desse quadro, a gerência estadual se reuniu com as representantes das principais unidades de saúde do estado, ligadas à Rede de Urgência e Emergência, e com a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), para discutir e planejar estratégias de vigilância em saúde e monitoramento. “Não queremos fazer alarme, no entanto devemos nos antecipar e buscar caminhos para saber como lidar com situações atípicas, que possam ocorrer. É nosso papel analisar e buscar estratégias que possam fazer parte de um plano de ação, para que tenhamos condições de lidar com as situações adversas, atendendo a comunidade da melhor maneira possível”, salientou.
HISTÓRICO
Roraima já registrou a circulação dos 4 sorotipos, em momentos diferentes. Na década de 80, circularam os sorotipos 1 e 4; na década de 90, houve registro dos sorotipos 1, 2 e 3. Em 2010, foi confirmada a reintrodução do sorotipo 4 e permanência dos vírus circulantes 1 e 2, período em que o estado enfrentou uma epidemia com o registro de mais de 11 mil notificações.
Nos últimos anos, a dengue vem apresentando um quadro de controle e redução dos casos. O número notificações no primeiro semestre deste ano é 40% menor do que o registrado no mesmo período do ano anterior. São 735 notificações contra 1.233 no mesmo período de 2013. Quanto aos casos confirmados, foram 42 até o mês de maio, contra 326 no mesmo período do ano anterior.
CUIDADOS
O Núcleo Estadual de Controle de Febre Amarela e Dengue orienta os cuidados que a serem seguidos, entre eles, se puder evitar viagens ao país vizinho, e se proteger ao máximo com repelente. Nos casos de viagem, pulverizar os quartos durante a estadia no país vizinho, se tiver mosquiteiro utilizar com frequência, e ao retornar ficar atento a possíveis sinais, como dor de cabeça, dor no corpo e febre. Se isso ocorrer, procurar uma unidade de saúde mais próxima e informar que esteve na Venezuela ou em outro país. “No momento, a primeira iniciativa que deve ser adotada é a precaução, de forma que a população mantenha medidas de controle, que são as mesmas, no que se refere a prevenção e tratamento da Dengue e Chikungunya, uma vez que a forma de transmissão é a mesma, pelo mosquito Aedes Aegypti”, finalizou Lima.