- 06 de novembro de 2024
Casos da febre Chikungunya na Venezuela, país com o qual Roraima faz fronteira, têm aumentado a preocupação sobre a possível entrada da doença no Estado, e, consequentemente, no país. Para reforçar o monitoramento de casos suspeitos, representantes das Unidades de Vigilâncias Epidemiológicas (UVE) dos hospitais referências de Roraima serão submetidos a um treinamento sobre o tema, nesta quarta-feira, 30, no auditório da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde (CGVS).
Participam do encontro, profissionais do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN), Hospital Geral de Roraima (HGR), Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), Policlínica Cosme e Silva e Unimed. Lá, os participantes serão submetidos a uma atualização com relação ao perfil epidemiológico da doença, quando também serão reforçadas as orientações previstas no protocolo do Ministério da Saúde sobre a preparação e resposta à introdução do vírus no Brasil.
Por enquanto, Roraima não tem registro de casos suspeitos da doença. Até o momento, os casos registrados no país são importados, ou seja, de pessoas que trouxeram o vírus do exterior, sobretudo na região do Caribe, onde tem havido alta incidência da doença.
Mas, assim como a dengue, o chikungunya pode ser transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, que são comuns no Brasil. Dessa forma, basta uma pessoa infectada entrar em contato com um desses vetores e a doença pode se espalhar, a exemplo do que vem ocorrendo na Venezuela. No país vizinho, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), foram 48 casos registrados, sendo nove autóctones, ou seja, não são mais importados e sim, transmitidos após o mosquito ter picado pessoas dentro do país.
Os sintomas da doença também são parecidos com os da dengue, o que gera dúvidas até mesmo nos profissionais de saúde. De acordo com técnico do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs), Rodrigo Brasil, a reunião servirá para dirimir eventuais entendimentos incorretos sobre o protocolo do Ministério da Saúde, além de mostrar como está a distribuição da doença no país e no mundo e, com base neste perfil, discutir se é o momento de ligar o “sinal de alerta” e intensificar as ações de controle. “Vamos continuar seguindo o que diz o protocolo, mas isso não quer dizer que o Estado não possa colaborar, no sentido de discutir a adoção de um protocolo mais sensível para as áreas de fronteira, uma vez que são os estados com mais probabilidade de receberem casos da doença”, explicou.
Desde dezembro do ano passado as autoridades vêm intensificando as ações de controle para impedir que o vírus circule no país. Como ferramenta de trabalho fundamental para coordenar o sistema estadual de vigilância em saúde, existe o Cievs, que reúne todas as informações necessárias para a análise epidemiológica dos dados. É baseado nos dados computados por ele que o Estado pode dar respostas oportunas às emergências em saúde pública de relevância nacional e estadual.
PREVENÇÃO
O epidemiologista ressaltou que o modo mais eficiente de evitar ou reduzir a transmissão é a eliminação dos criadouros do transmissor, o que pode ser qualquer recipiente, por menor que seja, que provoquem acúmulo de água. Isso é muito importante porque, além do dengue, o Aedes Aegypti também pode transmitir a febre amarela urbana e chikungunya. Qualquer coleção de água relativamente limpa e parada, inclusive em plantas que acumulam água, pode servir de criadouro para o mosquito.
O nome da doença é escrito na língua maconde, um dos idiomas oficiais da Tanzânia, onde foi documentada a primeira epidemia da doença em 1953. O termo significa "tornar-se dobrado ou contorcido", em referência à aparência curvada dos pacientes, motivada pelas intensas dores articulares, uma das principais características da doença, e o que é principal diferença em relação aos sintomas da dengue, que provoca dores musculares. Assim como a dengue, a doença também causa febre alta acompanhada de dor de cabeça, dentre outros sintomas.