- 07 de novembro de 2024
O projeto Meu Bebê, Minha Vida, do Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN) pode ser transformado em Programa do Ministério da Saúde (MS), por atender um dos componentes da Política Nacional de Humanização (PNH). Isso significa que as experiências exitosas desenvolvidas há quase três anos com os usuários da maternidade serão reconhecidas, e assim, o projeto pode ser referência para outros Estados preencherem o tempo ocioso das mães internadas.
A ideia do projeto é oferecer oficinas terapêuticas e ocupacionais às mães com recém-nascidos internados na UTI Neonatal e que aguardam recuperação deles. Participam também pacientes de outras alas da unidade, maridos, acompanhantes e até visitantes de pacientes.
Segundo a assistente social, Adália Siqueira, o projeto surgiu na pretensão de preencher o tempo ocioso das pacientes. “A ideia é voltada para mães do berçário, mas as de outras alas têm procurado a gente”, diz Adália. Assim, mais de 13.200 pessoas já passaram por alguma das atividades desenvolvidas. “Cada ano que passa, aumenta o número de participantes”, enfatizou.
Confiante na possibilidade de se tornar um programa do MS, a diretora-geral do HMI, Ana Carolina Brito, explica que o momento é escrever as justificativas do projeto, relatar as experiências, os resultados atribuídos aos participantes, as metas alcançadas pela unidade, a sustentabilidade do projeto, para que depois seja avaliado pelo Grupo Condutor da Rede Cegonha, para, finalmente, apresentar aos técnicos do MS. “Após o parecer da equipe técnica ministerial, saberemos se as experiências exitosas poderão servir como modelo para outras realidades brasileiras. Sei que estamos no caminho certo”, disse esperançosa.
Ana citou outras atividades desenvolvidas pela maternidade, que o MS reconhece como importantes na promoção à saúde do usuário do SUS. “A Visita Antecipada é um projeto que tornou conhecido e elogiado a nível nacional, com publicação no Caderno HumanaSUS. Também a Visita Ampliada, medida que estreita um elo entre usuários e instituição”, frisou.
Adália acredita que as chances são reais e possíveis, pois um dos requisitos é a estrutura. “Temos uma sala equipada, com mesas, cadeiras, estantes, televisão. Tudo isso, fruto de doações e dos bazares, onde comercializamos os artesanatos feitos pelas próprias mães nas oficinas. Todo o lucro é investido nos materiais utilizados nas oficinas e já conseguimos nos autossustentar ”, disse com satisfação, mencionando que o projeto será grande.
A assistente lembra que o “Meu Bebê, Minha Vida” já é modelo no São Luiz do Maranhão. Algumas técnicas visitaram o HMI, viram o trabalho desenvolvido em Roraima, e reproduziram lá com a população maranhense, utilizando até a mesma nomenclatura do projeto.
Oficinas todos os dias
As oficinas terapêuticas do “Meu Bebê, Minha Vida” acontecem todos os dias, de manhã e tarde, são elas, de leitura, artesanato, imagem pessoal e beleza, autoestima, espiritualidade, educação em saúde, cinema, shantala e eventos sociais, a mais recente.
A assistente social, Adália Siqueira, mencionou que o projeto vai começar a oferecer oficinas de corte e costura, depois da doação dos funcionários do Hospital Geral de Roraima de duas máquinas de costura. “A voluntária para facilitar as oficinas será a própria mãe da diretora-geral”, comemorou Adália.
Mostrando as confecções feitas pelas mães para que sejam comercializadas, com preço de R$ 3,00 a R$ 30,00, uma estratégia para que o projeto sobreviva, Adália agradece aos parceiros e voluntários conquistados ao longo dos anos que apostaram na seriedade e comprometimento da unidade.
Porém, ela reforça que o projeto precisa sempre de doadores para não perecer. “Não recebemos mais livros do governo federal, porque não temos estantes para colocá-los. Só hoje [sexta-feira, 06] fizemos 10 cadastros de empréstimo de livros, para as mães a leitura é uma ocupação. Existem mães que passam até quatro meses esperando a alta do filho”, contou.
O projeto acabou de ganhar um aparelho telefônico. O número comercial de contato para doações e estabelecer parcerias é 4009-4932.
VOLUNTARIADO
Entre as mães participantes está Cíntia Alves, uma jovem há três meses internada na Ala dos Girassóis, com uma gravidez de altíssimo risco, por decorrência de um acidente de trânsito. Ela está na sua quinta gestação, sendo a sua primeira menina. O parto está agendado para acontecer na manhã dessa terça-feira (10).
Cíntia confirma que o projeto além de ser ótimo, pois faz ocupar a mente, ela ajuda incentivando outras mães a participarem do Meu Bebê, Minha Vida. “Eu sempre empresto livros. Adoro ler. Quando eu sair com a minha filhinha daqui, continuarei no projeto como voluntária nas oficinas que eu aprendi”, resultou.