Guaraná mais resisten a pragas
Manaus - Duas novas plantas de guaraná (cultivares de guaranazeiro), consideradas de alta produtividade e resistência a doenças, serão lançadas nesta quarta-feira (13) pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no município de Itacoatiara, a 177 quilômetros de Manaus. A BRS Saterê e a BRS Marabitana são os nomes das duas novas plantas registradas pela Embrapa.
O lançamento ocorrerá na Fazenda Rancho Grande, no Km 256 da rodovia AM-010, em Itacoatiara, em frente ao Mosteiro Água Viva. As duas novas cultivares foram produzidas pela Embrapa após pesquisa e são recomendadas pelo órgão para plantio por aumentarem a barreira à antracnose, que é a principal doença do guaranazeiro no Amazonas.
Segundo a Embrapa, a BRS Saterê e a BRS Marabitana são cultivares destinadas ao plantio comercial e foram avaliadas no Amazonas durante oito anos em ensaios preliminares, e por mais dez anos em ensaios em rede estadual. Nesse período foram avaliados nas novas plantas características como produtividade e resistência a doenças.
De acordo com os pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental, Firmino Filho e André Atroch, que trabalham no melhoramento genético do guaranazeiro, a alta produtividade dessas duas novas plantas gira em torno de 1 a 1,5 quilo de sementes secas por planta. Isso representa uma produtividade de 400 a 600 quilos por hectare em plantios com espaçamento de 5 metros por 5 metros, onde se teria 400 plantas por hectare.
Dessa forma, segundo os pesquisadores, na mesma área se teria pelo menos cinco vezes mais que a produtividade atual obtida no Amazonas e assim permitiria aumentar a produção sem ocupar grandes áreas de plantio, evitando desmatamentos. Firmino acrescenta que pelas características da planta, pode se ter maior adensamento no plantio, elevando para 625 plantas por hectare. Com a produtividade de 1,5 quilo por planta, se chegaria a aproximadamente mil quilos por hectare.
“Se essa tecnologia for adotada, seria um ganho bastante representativo, entre 500% e 600% em relação aos plantios tradicionais do Amazonas”, afirma Firmino Filho, acrescentando que isso levaria o estado do Amazonas a retomar a posição de primeiro lugar em termos de produção de guaraná no Brasil. Atualmente o maior produtor é o estado da Bahia, onde não há problemas com doenças e pragas no guaranazeiro.
Resistência a doenças
Outra característica das novas cultivares é a resistência à doença antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum guaranicola, um dos principais problemas para a baixa produção de guaranazeiros no Amazonas. De acordo com o pesquisador da Embrapa, o fitopatologista José Clério Rezende, essas duas novas cultivares apresentam o benefício de resistência genética média.
Segundo o pesquisador, a resistência genética média significa que as plantas podem ser atacadas em até 25% de sua copa e mesmo assim continuam produzindo. Conforme ele, essa resistência é estável, pois tem se mantido ao longo dos anos e, devido a resistência às doenças, as novas plantas conseguem ser mais produtivas e dispensam o uso de fungicidas para o combate ao fungo.
Avaliações
As plantas foram avaliadas em campos do município de Maués (a 356 quilômetros da capital), por ser uma região com grande ocorrência do fungo da antracnose. Além da resistência estável a antracnose, a BRS Saterê e a BRS Marabitana apresentaram resistência completa à hipertrofia da gema vegetativa e galha do tronco, e também suscetibilidade a hipertrofia da gema floral, que são outras doenças que afetam a planta.
Em 2011, a Embrapa Amazônia Ocidental lançou quatro cultivares de guaranazeiro (os nomes são BRS Cereçaporanga, BRS Mundurucânia, BRS Luzéia e BRS Andirá), e agora em 2013 serão outras duas. As novas cultivares se diferenciam das anteriores por características agronômicas específicas. A diferença entre a BRS Saterê e a BRS Marabitana está também em características físicas da planta, como formato e cor dos frutos, folhas e ramos.
O teor de cafeína na BRS Marabitana é de 3,8% e na BRS Saterê de 4%. “A estratégia de lançar novas cultivares é uma forma de controlar a antracnose, aumentando a diversidade genética dos plantios e assim se criando uma barreira genética às doenças, especialmente para essa que é uma doença importante que afeta os cultivos no Amazonas”, explica o pesquisador André Atroch.
Também chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia, o pesquisador André Atroch afirma que o guaraná tem uma demanda em ascensão, pois a indústria tem procurado o guaraná para vários usos, como cosméticos, bebidas energéticas, refrigerantes, extrato concentrado e indústria farmacêutica.
Segundo ele, a produção tem aumentado tanto no estado do Amazonas quanto na Bahia, com incremento maior no Amazonas, aonde vem surgindo outros polos de produção além de Maués, com novas plantações nos municípios de Itacoatiara, Presidente Figueiredo, Coari e Apuí. “O cenário hoje é bastante positivo para quem quer plantar o guaraná, e o preço, em torno de 20 reais o quilo da semente seca, está bastante atrativo”.
As mudas das novas cultivares serão produzidas e comercializadas pela Fazenda Rancho Grande, viveirista credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e licenciado pela Embrapa. Mais informações podem ser obtidas através dos contatos [email protected] ou [email protected].
Programação
O lançamento é promovido pela Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM) e Embrapa Produtos e Mercado/Escritório da Amazônia. Conta com o apoio da Fazenda Rancho Grande, da Prefeitura de Itacoatiara e do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam - Escritório Local de Itacoatiara). A atividade também faz parte da programação da Embrapa alusiva à Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2013.
9h30: Fernando Aparecido Francelino, gerente e proprietário da Fazenda Rancho Grande / Rosildo Simplício, gerente do Escritório da Amazônia – Embrapa Produtos e Mercado / Luiz Marcelo Brum Rossi, pesquisador e chefe-geral da Embrapa Amazônia Ocidental.
9h45: Apresentação das cultivares BRS Marabitana e BRS Saterê / André Atroch, pesquisador e chefe-adjunto de TT da Embrapa Amazônia Ocidental / Firmino Filho, pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental / José Clério, pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental.
10h: Apresentação do viveiro de mudas / Fernando Aparecido Francelino, gerente e proprietário da Fazenda Rancho Grande;
10h30: Lanche e depois encerramento.
(A Crítica e assessoria de imprensa)