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FRANCISCO ESPIRIDIÃO

Tempos bicudos


Tempos bicudos

Se a água da banheira estiver turva, jogue fora não só a água, mas também o bebê. Essa parece ser a máxima adotada pelo atual presidente nacional do PMDB, o senador rondoniense Valdir Raupp. Pelo menos no imbróglio “Jucazinho”.

Ao cair o véu que empanava suposto processo de espoliação na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estatal ligada ao Ministério da Agricultura, o mandatário do partido do Sarney simplesmente propôs a extinção da entidade. 

"É um órgão que não tem papel, está só fazendo cadastro de quem recebe o Bolsa Família. Ninguém vai perceber se ela (a Conab) não existir. O PMDB não reivindica esse cargo", alardeou um sisudo Raupp.

Simples assim. Ao invés de se investigar as graves denúncias do defenestrado diretor Oscar Jucá Neto, o Jucazinho, de que o PMDB transformou a Conab numa “central de negócios” e que a estatal hoje abriga “só bandidos”, o mais recomendável é mesmo extingui-la.

Assim procedendo, ninguém sai arranhado. Principalmente a “presidenta” Dilma, que não precisará mais “brincar com fogo”, levando às últimas conseqüências a “operação faxina”, inaugurada no Ministério dos Transportes.

Pelo visto, a turma do deixa-disso conseguiu mesmo fazer a inquilina-mor do Planalto capitular. A vontade incontida de tirar todos os esqueletos do armário (e que tamanho tem esse armário, hein!) não passou de fogo de palha. Tudo mudou para continuar o mesmo. É o Brasil seguindo o seu curso natural.

De resto, falta se desanuviar a fumaça de animosidade que insiste em separar o líder do governo no Senado, Romero Jucá, irmão de Jucazinho, e o vice-presidente da República, Michel Temer. O ministro Wagner Rossi, tachado com todas as letras de corrupto, é afilhado político de Temer.

Francisco Espiridião é Jornalista; e-mail: [email protected].

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