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FRANCISCO ESPIRIDIÃO

O passado deve ficar no passado


O passado deve ficar no passado

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está num pé e noutro para voltar a desfrutar das mordomias que o Palácio do Planalto proporciona a seu inquilino-mor. Não à toa, mete o bedelho onde não é chamado, cruza céus e mares de jatinho particular pago não se sabe por quem, e não perde a chance de dizer das suas.

A última foi a ácida crítica tecida contra a pessoa de Jesus Cristo. Para ele, o grande Salvador “viajou” ao pregar a humildade como regra maior para se chegar ao reino dos céus. O “professor de Deus” disse nessa semana que passou, ao contrário do que Cristo pregara no Evangelho de Mateus 19.4, que não é nada difícil um rico entrar no paraíso.

Para ele, o rico já vive no paraíso. Confundindo o espiritual com o material, explicou: “Quem come do bom e do melhor, viaja para onde quer e não depende em nada de ninguém, já está no céu”. Lula falava do que realmente entende. Há muitos anos vive e desfruta de tudo isso. Trabalhar, que é bom, ele não gosta. Desde que fundou o PT, em 1980, que não sabe o que é dar prego em barra de sabão.

Passou pela Presidência da República surfando em brancas nuvens. Não via nada, não sabia de nada, e, quando algum abelhudo (leia-se imprensa) se metia a contrariá-lo, ele imediatamente passava a mão na cabeça de quem deveria tê-la decepada do corpo. Foi assim com os “Aloprados”, foi assim com o companheiro Delúbio Soares, foi assim com Palocci, foi assim...

Se voltar à presidência em 2014, Lula terá 69 anos. Não é idade ruim para um presidente da República. Experiência é corolário de idade. Mas, em se tratando de Lula, a pergunta que fica é: será que o país aguentaria ainda mais oito anos de condescendência com o crime do “colarinho branco”? 

Quando o criminalista norte-americano Edwin Sutherland definiu o crime do colarinho branco como sendo um ilícito praticado por pessoa respeitável, de alta posição social, no exercício de suas ocupações (Google), talvez não soubesse que tal modalidade criminosa chegasse a ser tão popularizada no Brasil como o foi durante os oito anos do governo Lula.

Agora, sob o comando da sargentona Dilma Rousseff, é possível saber que toda a bandalha se mantém por um fio, para alívio de cidadãos comuns que pagam os impostos mais escorchantes do Planeta. Só em um ministério, o dos Transportes, rolaram 16 cabeças importantes em apenas duas semanas. Há outras que peregrinam feito zumbis rumo à guilhotina.

Fantasmas incomodados com a limpa na República começam a se materializar e mandar recadinhos para a presidente. Uma dessas assombrações chegou a insinuar que a mulher está “brincando com fogo”. Ou “austeridade demasiada não condiz com governabilidade”.

Ao invés de o povo brasileiro continuar idolatrando o apedeuta Lula, devia, sim, sair às ruas em mobilização de peso, tecendo aplausos à coragem explicita da presidente. Este país tem jeito. E não venha nenhum preconceituoso diminuir o trabalho da mandatária simplesmente por ela ser mulher.

Dilma Rousseff está no caminho certo. Não deve capitular. Sabe-se que a caminhada é longa. Afinal, a secular corrupção não é monopólio do Ministério dos Transportes. Quem tiver suas barbas, que as ponha de molho! Lula? Lula deve ser tratado como uma passagem que ficou no passado! E só.

Francisco Espiridião é jornalista, e-mail: [email protected]

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