- 26 de novembro de 2024
Ministro afasta cúpula dos Transportes
Uma série de denúncias envolvendo o Ministério dos Transportes obrigou o ministro Alfredo Nascimento (PR) a afastar a cúpula do órgão.
Segundo reportagem da revista "Veja" desta semana, representantes do PR, funcionários do ministério e de órgãos vinculados à pasta montaram um esquema de superfaturamento de obras e recebimento de propina por empreiteiras e consultorias.
O ministro só tomou a decisão de afastar os servidores depois de conversar por telefone com a presidente Dilma.
A Folha apurou que ela não descarta trocar o próprio Nascimento. Por isso, chamou-o para uma reunião.
A administração de Nascimento já recebia críticas. No início de maio, o governador Cid Gomes (PSB-CE) chamou o ministro de "inepto, incompetente e desonesto" ao criticar a situação das rodovias federais no Estado.
A revista "Veja" citou como envolvidos no esquema de cobrança de propina o chefe de gabinete do ministro, Mauro Barbosa, o assessor do ministério, Luís Tito Bonvini, o diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Luís Antônio Pagot, e o diretor-presidente da estatal Valec, José Francisco das Neves.
Em nota divulgada ontem, o ministério informou que abrirá uma sindicância interna e determinou o "desligamento temporário" dos servidores para o "pleno andamento da apuração".
"PEDÁGIO POLÍTICO"
Segundo a reportagem, empreiteiros e consultorias de engenharia pagavam de 4% a 5% de "pedágio político" sobre o valor das obras do governo federal feitas com verbas do ministério.
A maior parte da verba, diz a revista, é destinada ao PR, partido comandado por Nascimento e pelo deputado Valdemar Costa Neto.
De acordo com a reportagem, que chama o caso de "mensalão do PR", Valdemar escolhe as empresas que vão realizar projetos e obras de transporte do governo.
A revista afirma que o servidor Bonvini é o emissário do ministro, e Valdemar leva os pagamentos das comissões ao PR. O chefe de gabinete do ministro, seria o responsável por liberar as verbas. Os diretores do Dnit e da Valec também são citados como membros do esquema.
Na nota, o ministro dos Transportes diz que "rechaça, com veemência, qualquer ilação ou relato de que tenha autorizado, endossado ou sido conivente com a prática de quaisquer ato político-partidário envolvendo ações e projetos do ministério".
Valdemar informou, por meio de sua assessoria, que não comentaria a reportagem por não ver qualquer fundamento. Pagot diz estar aborrecido. A Folha não localizou os outros envolvidos.