- 26 de novembro de 2024
Novo começo
Foi o ex-prefeito de Boa Vista (1974-78) e ex-deputado federal (1979-87), Júlio Martins (PDT-RR), quem afirmou, numa das campanhas eleitorais municipais que “Boa Vista se divide em duas Cidades: uma delas é iluminada, bem cuidada e quase toda saneada, enquanto a outra, na periferia, sofre de todos os males e carência”. Na época, como na canção de Caetano, foi “a mais completa tradução”.
Hoje, se o ex-prefeito resolvesse definir Boa Vista, não mais iria encontrar duas ou três Cidades, mas agregado desorganizado de ruas e casas permeado de buracos e lixo por todas as esquinas e vãos. Verdadeiro caos sem aparente comando.
Mas estará enganado quem imaginar que Boa Vista é caso perdido, sem a menor possibilidade de solução. O que na verdade parece estar acontecendo é o mau gerenciamento dos tributos arrecadados, com o estabelecimento de prioridades que não deveriam estar figurando em primeiro plano.
Uma Cidade não tem como viver apenas de maquiagem, de medidas que camuflem suas reais necessidades, escondendo o que é feio e exibindo aparência capaz de ruir a qualquer momento, por falta de base ou amparo. Apesar dos impostos, e de um IPTU que tem gerado muita insatisfação, não existe contrapartida.
Os impostos pagos pelo contribuinte boa-vistense não são revertidos em benefícios sociais que promovam o bem-estar ou desenvolvimento prometido. Falta um programa de aplicação desses recursos, num trabalho de atendimento às principais reivindicações da comunidade. Existe um fosso a separar governantes e governados.
A desordem administrativa é revelada em todos os detalhes. No noticiário recente fomos informados que o próximo prefeito, a assumir em janeiro de 2013, irá iniciar o seu mandato “com os recursos do Fundo de Participação dos Municípios - FPM –, comprometidos por uma dívida assumida” pela atual gestão.
No meu entendimento, a nossa Capital sofre hoje com a falta de planejamento. Fosse uma empresa privada, que não dispusesse de intermináveis recursos financeiros públicos a entupirem seus cofres, já teria falido.
Nossos homens públicos, em sua maioria, só conseguem se sobressair como “administradores” porque a insaciável arrecadação tributária nunca tem fim. Mas não planejam, não cumprem metas, não dialogam com a população, não têm noção do que acontece nas ruas.
Precisamos criar um movimento em que toda a população se mobilize para estabelecer novas metas e rumos para a nossa Capital. Uma mobilização que busque alternativas viáveis e promova o engajamento de todas as pessoas, num trabalho conjunto.
Esse movimento terá como finalidade uma administração capaz de promover verdadeira revolução de costumes, na conscientização de cidadãs e cidadãos. A base de todo esse trabalho deve ser a educação, com plano de carreira que contemple o corpo docente, nossos professores, através de cursos de reciclagem e salários dignos.
Paralelo a isso, é preciso que se construa um pronto socorro municipal, cuja localização favoreça o deslocamento dos que vivem nas localidades mais distantes, em bairros da periferia de Boa Vista. Antes de tudo, vamos integrar a Capital, reunindo os habitantes das localidades mais distantes e valorizando a cidadania.
Tudo em Boa Vista precisa ser repensado: transporte público, saúde e educação. É um trabalho de monta a ser desenvolvido com a participação de todas as cidadãs e cidadãos, mas, principalmente, por pessoas que possam transmitir confiança e credibilidade. Nós precisamos estabelecer, com urgência, novos caminhos para o futuro.