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Edersen Lima

Jogando para debaixo de tapete


Jogando para debaixo de tapete

Brasília - O crescimento formidável do patrimônio pessoal do líder da oposição, deputado Mecias de Jesus, em mais de 10 vezes no período de apenas oito anos, quatro deles como presidente da Assembléia Legislativa, põe o grupo \"\"que comanda numa saia justa. Que moral tem os Diegos, os Flamarions, Sampaios e os "Danadões" oposicionistas liderados pelo principal réu no escândalo dos gafanhotos, que joga para debaixo do tapete questões que ele não quer responder?

As declarações de patrimônio que Mecias de Jesus forneceu à Justiça Eleitoral causam curiosidades que já despertam a atenção da Receita Federal. Primeiro, como ele, em oito anos, aumentou o rebanho de gado nelore de 70 cabeças para 800 cabeças?

Segundo, na declaração patrimonial de 2010, Mecias informa possuir um apartamento no edifício Portal do Caribe por apenas R$ 70 mil, quando o imóvel vale cerca de R$ 350 mil no mercado. Um detalhe: o Portal do Caribe recebeu seus primeiros moradores no início do ano passado.

Terceiro, como com apenas o salário de deputado conseguiu a proeza de enriquecer em mais de 10 vezes o seu patrimônio apesar das despesas com os nove filhos que tem, o que inclui gastos com escola, alimentação, transporte, vestuário, saúde, tratamento de beleza das filhas e viagens de férias da garotada; despesas com mimos e com viagens de férias com companheira Darbilene do Vale, a Dárbi; despesas com eleitores carentes; despesas com parentes necessitados; gasto com advogados que o defende juntamente com a companheira Dárbi na Justiça Federal; despesas com combustiveis, manutenção de veículos, com o dentista que lhe implantou todos os dentes e tantas outras despesas?

São apenas três exemplos de vários detalhes das declarações patrimoniais de Mecias de Jesus que não batem com as realidades econômicas de um deputado estadual que é assalariado e com as do mercado. Coincidentemente, o esquema de desvio de dinheiro dos salários de funcionários fantasmas conhecido como o escândalo dos gafanhotos do qual ele é réu ocorreu entre 2000 e 2002. Coincidentemente, também, Mecias, de 2003 a 2007 era presidente da ALE, portanto com a caneta financeira do Legislativo na mão. O crescimento estupendo de seu patrimônio aconteceu em tais períodos.

Cabe, portanto, aos deputados, principalmente, os seus liderados na oposição, questionar Mecias de Jesus sobre tais proezas financeiras. Ele enriqueceu formidavelmente durante período em que presidiu a Casa Legislativa.

A oposição que cobra transparência do governo não terá moral nenhuma com suspeitas que possam pairar sobre a cabeça de seu líder.

Não tem mais como Mecias calar e processar judicialmente quem lhe encosta contra a parede. Ou revela seu milagre da multiplicação para os colegas deputados e para a sociedade ou a Receita Federal fará o que é de obrigação da ALE.

Acredita-se - e não poderia ser diferente - que as declarações patrimoniais que Mecias apresentou à Justiça Eleitoral sejam as mesma que prestou à Receita Federal. Quem sabe lá, na Receita Federal, não esteja a grande revelação?

Enquanto isso não acontece, que os Diegos, Flamarions, Sampaios e Danadões fiquem cientes da saia justa em que se encontram, todas as vezes em que cobrarem transparência em qualquer ação ou falta dela do governo estadual. A cobrança tem que partir de quem não tem dívida. Moral se exige quando se tem moral. E antes de apontar qualquer sujeira, que os oposicionistas reparem bem o que estão jogando para debaixo do tapete.

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