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Crise no Planalto

Palocci não explica e se complica


Palocci não explica e se complica

Nas entrevistas que concedeu ao “Jornal Nacional”, da TV Globo, e à Folha de S. Paulo, o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, não só deixou de explicar como ganhou tanto dinheiro no ano passado como também acabou se complicando ainda mais.

A cada aparição pública de Palocci sem oferecer argumentos convincentes sobre a lisura das consultorias que concedeu em 2010, o ministro vai se afundando cada vez mais na areia movediça em que se transformou o atual escândalo.

A presidente Dilma Rousseff já disse a pelo menos um interlocutor que acabou sua paciência com Palocci. Quase firmou convicção sobre demiti-lo. As entrevistas que o ministro deu hoje (3.jun.2011) eram a última chance. Amanhã e domingo, a repercussão geral –que deve ser negativa– ditará o futuro do ministro.

À Folha de S. Paulo, na sua primeira entrevista desta 6ª feira, Palocci disse não ter dado detalhes a Dilma Rousseff sobre suas atividades. “Não entrei em detalhes sobre os nomes dos clientes ou sobre os serviços prestados para cada um deles". Como é possível o homem mais forte do governo não revelar à presidente os nomes de grandes empresas para as quais trabalhou em 2010?

Ao “JN”, como era esperado, Palocci também não revelou os nomes das empresas para as quais prestou consultoria em 2010. No ano passado, ele recebeu R$ 20 milhões pelos seus serviços –enquanto era deputado federal (PT-SP) e coordenador da campanha presidencial de Dilma Rousseff.

O que mais complica Palocci é o fato de ter faturado R$ 10 milhões apenas em novembro e dezembro, quando Dilma Rousseff já estava eleita e ele era o mais cotado dos aliados para ser ministro.

Palocci diz ter encerrado seus contratos de consultoria antes de assumir a Casa Civil. Mas não explica em que termos conseguiu romper os acordos e ainda assim receber tanto dinheiro.

À TV Globo, Palocci disse ter prestado consultoria para indústrias, empresas de serviços financeiros, “mercados de capitais, bancos e fundos”, e “empresas de serviços em geral”. Para ele, não é necessário revelar os nomes dos seus clientes porque eram de setores que “têm pouco a ver com obras públicas”. Não é bem assim. No Brasil, há uma imbricação intensa entre todos os setores da economia e o Estado. Nada melhor do que ter como conselheiro um deputado federal que era amigo do então presidente da República, Lula, e principal assessor da futura ocupante do Planalto, Dilma.
 
Na realidade, Palocci não revela quase nada porque talvez sua situação ficasse ainda pior com todos os dados disponíveis. Só que o silêncio e as respostas evasivas estão tornando insustentável sua permanência na cadeira de ministro. Abandonado pelo PT, agora está a um passo de ser também rifado por Dilma Rousseff.

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