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FRANCISCO ESPIRIDIÃO

Passividade letárgica


Passividade letárgica

A imprensa brasileira nunca esteve tão pobre de boas notícias como nos dias atuais. Para escamotear esse deserto, dá-lhe notícia recozida, futricas de última qualidade, picuinhas as mais vis. Para pôr um pouco mais de sal nessa insossa e indigesta salada, aí estão as redes sociais – com suas verdades, meias verdades, injúrias, difamações e todo tipo de dolo contra a última flor do Lácio.

O que impera nesses dias maus – Cristo disse: “basta a cada dia o seu mal” – são acusações de uns e outros sobre coisas da mais alta seriedade, mas que, sabe-se de antemão, o destino final é o buraco negro do esquecimento. Tudo muda com velocidade meteórica. O triste é que essa mutabilidade visa a que tudo continue acabando como tudo acaba na quarta-feira de carnaval: em cinzas.

Denúncias de dilapidação do erário nas três esferas de governo têm para todos os gostos. Diria mesmo que, nos campos político e administrativo, proliferam-se de A a Z. Não se pode dizer que as instituições incumbidas de cercear tais traquinagens estejam paradas -- ou de olhos vendados. Mas que andam a passos lerdos, tal qual o bicho preguiça, lá isso andam.

A máxima do sujo falando do mal lavado não tem na história um momento em que sua verdade possa se tornar mais cristalina como agora. Estamos chegando ao ponto de conflagração. Aliás, por muito menos o País imergiu em 21 anos de regime de exceção.

Enquanto isso, a sociedade civil organizada (coletividade dissociada do Estado – Wikipédia) assiste a tudo como se nada fosse com ela. Refestela-se em berço esplêndido, com uma passividade letargicamente espantosa. Resta saber até quando.


Jornalista, e-mail: [email protected]
 

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