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Oposição e OAB cobram Palocci sobre patrimônio


Oposição e OAB cobram
Palocci sobre patrimônio

FOLHA DE S. PAULO

A Ordem dos Advogados do Brasil e os três maiores partidos de oposição cobraram ontem esclarecimentos ao ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, sobre a evolução de seu patrimônio, 20 vezes maior que o total declarado em 2006.
Ontem, a Folha revelou que o ministro adquiriu dois imóveis em área nobre de São Paulo: um apartamento de R$ 6,6 milhões e um escritório de R$ 882 mil.
Em 2006, quando foi candidato a deputado federal, Palocci declarou à Justiça Eleitoral possuir um total de R$ 375 mil em bens -em números corrigidos.
Nos quatro anos de mandato, quando se destacou na bancada do PT em debates importantes da Câmara, como o da reforma tributária, Palocci recebeu em salários R$ 974 mil, brutos.
"A notícia preocupa, e muito. Para um aumento de patrimônio em tão pouco tempo, de um homem público, exige-se explicação", declarou Ophir Cavalcante, presidente da OAB.
O DEM instou a Receita Federal a apurar o caso. "Impõe-se uma manifestação sobre o assunto. Se as justificativas não forem suficientes, tomaremos providências", disse o presidente do partido, senador Agripino Maia (RN).
"Não vamos fazer prejulgamento. Mas é melhor o ministro esclarecer qual a renda da empresa, quais os serviços prestados e qual o lucro que obteve. Como homem público, não tem razão para não dar explicações", disse o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE).
O PPS prometeu acionar o Conselho de Ética da Câmara. "Dinheiro não nasce no chão. Muito me estranha esses enriquecimentos tão rápidos", afirmou Roberto Freire (SP), deputado e presidente nacional da legenda.
O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), defendeu ontem o ministro. "Confio no Palocci. Ele deu uma explicação e, para mim, isso é página virada", declarou.
Os dois imóveis foram comprados por Palocci por meio da empresa Projeto, da qual ele é sócio principal, com 99,9% do capital.
Segundo o ministro, as transações, feitas diretamente com as construtoras, foram bancadas com recursos próprios da empresa.
A Projeto foi criada em 2006 como consultoria e foi transformada em administradora de imóveis em 2010.
A Folha foi duas vezes à sede da empresa -o escritório de 183 m2, comprado em 2009 por R$ 882 mil- e encontrou a sala fechada, sem placa na porta nem identificação na recepção do prédio. A única pessoa que atendeu os telefonemas diz não saber a atividade da Projeto.
O apartamento fica perto dali. Ocupa um andar inteiro do edifício e tem 502 m2 de área útil (quatro suítes e cinco vagas na garagem).
Palocci deixou o cargo de ministro da Fazenda em março de 2006, depois de se envolver no escândalo da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.

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