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Esta semana

Defesa de Bruno acredita na liberdade


Defesa de Bruno acredita na liberdade

De um universo de glamour, assédio da imprensa e de mulheres, dinheiro farto, carros, propriedades e festas, para uma cela de 10 metros quadrados, dividida com um dos poucos amigos que restaram do passado de gastos generosos. Há 270 dias, Bruno Fernandes de Souza, 26 anos, trocava o posto de goleiro titular de um dos clubes mais populares do país pelo banco dos réus, onde responde, ao lado de sete pessoas, por um crime bárbaro, que teria vitimado sua ex-namorada Eliza Samudio. Passados os momentos iniciais da prisão e da comoção gerada pela versão da polícia para a trama, o Correio Braziliense/Estado de Minas revela como é a rotina do jogador na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na unidade, a equipe de reportagem descobriu um preso com regalias, mantido longe dos prisioneiros comuns, em pavilhão especial, mas com direitos que nem de longe lembram os tempos em que ostentava a camisa do Flamengo.
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O atleta está preso preventivamente desde 7 de julho: sonhos e regalias

Do período de glória, Bruno, que agora usa o uniforme vermelho do presídio, conservou o relacionamento com a dentista Ingrid Calheiros e a ajuda do ex-colega rubronegro, o também goleiro Paulo Victor, além da fidelidade do braço direito Macarrão, que faz questão de dormir na mesma cela, aos pés do atleta. Mantém ainda a esperança de que, depois das trapalhadas de uma defesa mais famosa pela polêmica do que pelos resultados, consiga deixar o xadrez. E não abandona por um único dia o sonho de voltar aos gramados. Para isso, conta com três frentes abertas pela defesa em diferentes instâncias judiciais. Delas, vem a aposta do advogado do atleta, Cláudio Dalledone Júnior, para quem Bruno será libertado nesta semana. Uma hipótese em que não gostam de pensar policiais que trabalharam no caso, para os quais o jogador tramou friamente a morte de Eliza.

Habeas corpus
O advogado de Bruno, Cláudio Dalledone Júnior, acredita poder conseguir a liberdade do cliente trabalhando sem a interferência de outros defensores, a quem classifica como “milagreiros” e “oportunistas”, que haviam prometido soltar o goleiro em questão de horas. Dalledone endereçou um pedido de habeas corpus ao Supremo Tribunal Federal (STF) e outro ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que deve ser julgado nesta semana. Ingressou ainda com pedido de liberdade na Justiça de Contagem, onde tramita o processo. “Até então, foram julgadas, e negadas, apenas liminares. Mudou completamente a fase do processo”, disse.

Caso seja solto, Bruno pode aguardar em liberdade por um julgamento que, segundo especialistas, não deve entrar na pauta do Tribunal do Júri de Contagem antes de oito meses, diante do grande número de envolvidos e de recursos possíveis. De acordo com o advogado, há inúmeros pedidos de nulidade do processo e um deles é por defesa deficitária. “Meu cliente não teve uma defesa eficiente. Também houve cerceamento, pois não ouviram no processo os delegados responsáveis pelo inquérito”, alega Dalledone. O advogado, que entrou no caso em novembro, diz que seus argumentos somam mais de 200 laudas e acredita que o seu cliente tem plenas condições de voltar a jogar, se for solto.

Para o chefe da Divisão de Crimes contra a Vida, Edson Moreira, delegado que conduziu a investigação, o goleiro está longe de poder figurar na condição de vítima da opinião pública. Defendendo o trabalho da Polícia Civil no caso, ele sustenta que o atleta começou a planejar a morte da ex-namorada quatro meses antes do homicídio. “Ele engravidou Eliza, a sequestrou e tentou que ela abortasse. Até respondeu a processo no Rio de Janeiro por isso. Bruno a chamou ao Rio, com a desculpa de que iria reconhecer o bebê como filho, e a sequestrou novamente”, disse o delegado, lembrando que consta do processo que, em fevereiro, o jogador já entrava em contato com o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de matar Eliza e sumir com o corpo.

Água quente
Bruno desfruta de certa mordomia. Na ala que ocupa, ficam somente ele e Macarrão. Outro preso, identificado apenas por Marcone, que ficava na cela da frente, foi transferido recentemente para Santa Luzia. Com isso, o atleta deixou o cômodo que ocupava, que tinha apenas um cano por onde jorrava água fria, para a cela recém-liberada, que tem banheiro com água quente e uma pia.

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