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CLÓVIS ROSSI

Tsunamis e cismas


Tsunamis e cismas

SÃO PAULO - Tenho sobre o terremoto/tsunami no Japão sensações muito semelhantes às que dois leitores expressaram ontem, nesta Folha. Filipe Luiz Ribeiro Souza escreve que "as catástrofes naturais estão acontecendo com uma frequência muito maior".
E com efeitos mais devastadores.
Uriel Villas Boas acrescenta: "Até onde isto não é uma resposta do meio ambiente ao comportamento humano?"
Eu também fico com essa dúvida, Uriel, por mais que os especialistas digam que terremotos e tsunamis são fenômenos naturais que independem do que façamos.
Mas que a sequência de catástrofes naturais impressiona é inegável. Mesmo em São Paulo, a quantidade de chuva que cai desde o fim do ano parece anormal, ainda mais porque não cessa nunca.
Minha dúvida é se a frequência (e as consequências) é de fato maior ou o volume de informações é que aumentou exponencialmente nos últimos 20 ou 30 anos, sei lá.
Uma vez, um acadêmico cujo nome me escapa agora escreveu que a notícia da morte de Abraham Lincoln levou 13 dias para chegar à Europa. Hoje, a notícia sobre o terremoto no Japão, do outro lado do mundo, leva segundos para estar na tela do seu computador ou da sua televisão.
Pode ser, portanto, que as tragédias acontecessem, antes, em locais distantes da nossa aldeia original, sem que delas tomássemos conhecimento. Hoje, é impossível escapar desse tsunami informativo.
Mesmo fazendo essa ressalva, não há como fugir à sensação de que a coisa está esquisita. Na semana passada, na fria Suíça, fazia um friozinho até agradável, mas na "quente" Espanha nevava em quantidades industriais.
Pode ser que essas anomalias aconteçam regularmente, mas a memória leva em conta o frio e a neve de hoje, o que contribui para as cismas, minhas e dos leitores.

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