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ESPECIAL

Turismo de natureza: uma alternativa econômica


Turismo de natureza: uma alternativa econômica

Por Marco Aurélio Oliveira

Com poucas indústrias, uma agricultura que enfrenta dificuldades e a mineração sem regulamentação, uma alternativa econômica para o estado de Roraima é a exploração comercial do seu patrimônio natural. Essa riqueza é peculiar e praticamente inexplorada, mas poucas empresas locais investem no filão do turismo de natureza.

O matogrossense, Magno Souza, 49, que chegou a Roraima, em 1987, decidiu arriscar neste \"\"setor.  Depois de participar de uma expedição, em 1992, ao monte Roraima, Magno passou a fazer a viagem com freqüência. Com o conhecimento adquirido  começou a oferecer o passeio a amigos até que decidiu criar, em 2003, a empresa de turismo Roraima Adventures.

O monte Roraima, principal destino da empresa; com seus 2.730 metros, situado na fronteira do Brasil, Venezuela e República da Guiana; despertou o interesse da mídia nacional. Matérias em TVs e revistas especializadas transformaram a Roraima Adventures em referência do turismo de natureza no estado.

Porém, o reconhecimento externo não sensibilizou os setores internos e Magno continua a enfrentar os mesmos problemas do início dos trabalhos da Roraima Adventures.

Uma dessas dificuldades, segundo ele, é a falta de tradição de serviços de turismo no estado. É comum empresas turísticas criarem uma cadeia de serviços e negócios como hotéis, pousadas, restaurantes, suvenires, aluguéis de transportes entre outros, o que não se observa no estado.  “Aqui em Roraima isso não ocorre pela falta da cultura do turismo”, afirmou.

Como conseqüência, a base para as viagens ao monte Roraima está na Venezuela. No país vizinho Magno encontra empresas que dão o suporte que ele necessita como aluguel de helicópteros, venda de equipamentos e pessoal qualificado. Até a autorização para subir no monte é adquirira de autoridades venezuelanas.  O Roraima do lado brasileiro fica em um parque nacional administrado pelo IBAMA e FUNAI, o que cria um obstáculo burocrático que impossibilita o negócio.

O estado também não tem oferta de mão-de-obra especializada como guias e outros profissionais necessários para essa modalidade de turismo. Outra queixa é a dificuldade de obter linhas de créditos. Recentemente, a Caixa Econômica Federal ofereceu recursos para empresas de turismo, mas as exigências de avalistas e garantias inviabilizaram o financiamento. “O dinheiro vem, mas como ninguém consegue cumprir o que pedem, volta para os cofres da União”, lamentou. Ele também reclama que recebe pouco apoio dos poderes municipal e estadual. Do município não há nenhuma medida expressiva, do governo estadual apenas a recomendação da empresa em sites oficiais. A única instituição que oferece algo proveitoso é o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa) que patrocina a participação da Roraima Adventures em feiras nacionais especializadas. Estes eventos propiciam a divulgação e o intercâmbio com outras empresas.
Apesar desses entraves, Magno percebe um crescimento nas suas atividades.    A empresa faz cerca de 4 viagens ao monte Roraima por mês, também oferece passeios para as serras Grande e do Tepequem e viagens para a Venezuela.

Mesmo com a concorrência de Venezuela e Amazonas, Magno acredita que o estado pode criar produtos diferenciados para atrair mais turistas. “Podemos desenvolver o turismo de observação de aves; o turismo étnico; explorar a grande variedade de orquídeas e de pesca”, concluiu.

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