Pipocou na estréia

Romário "treme" ao encarar a tribuna

Acostumado a enfrentar a dura marcação dos zagueiros adversários sob os olhos atentos da torcida, o ex-jogador Romário (PSB-RJ) "pipocou" (gíria que, no futebol, indica o atleta que fica nervoso numa partida decisiva) no plenário da Câmara.
Em seu primeiro discurso como deputado federal, ontem à tarde, Romário leu um texto por cerca de cinco minutos e não conseguiu esconder o nervosismo. Imóvel, foi saudado por vários colegas, aos quais mal conseguia esboçar respostas.
Inocêncio de Oliveira (PR-PE), que presidia a sessão, brincou: "Ele já pegou o Maracanã lotado com 120 mil pessoas e nunca tremeu, mas diante da tribuna tremeu".
No pronunciamento, que durou pouco mais de cinco minutos, ele falou sobre as chuvas que atingiram a região serrana do Rio e sobre as prioridades de seu mandato: o esporte e a inclusão de pessoas com deficiência.
O deputado afirmou achar que será mais cobrado como parlamentar do que quando vestia a camisa da seleção e dos seus clubes. "Sei que terei críticas e elogios, e aos críticos responderei sempre com o meu melhor trabalho."
O ex-jogador afirmou ainda que sabe que será mais visado do que seus colegas de Câmara: "Por ser quem sou, não poderia ser diferente".
Depois do discurso, Romário recebeu apartes de diversos deputados, diferentemente do que normalmente ocorre às quintas-feiras. Ao terminar, ele ainda foi aplaudido por seus pares.
Depois, ao conceder entrevista, disse que o nervosismo é natural e que "não está querendo fazer um bom mandato", mas ter certeza de que efetivamente será bem-sucedido na nova profissão.
Ele se defendeu do fato de ter sido flagrado na semana passada jogando futevôlei, no Rio, no horário de uma sessão. "Até agora tenho 100% de frequência e pode ter certeza de que serei bastante presente", afirmou.
Questionado sobre o aumento do salário mínimo, disse: "Sempre estarei ao lado do trabalhador, mas nem sempre mais é melhor".